Sabem o que aconteceu em 2002? O André Marques, ex-Mocotó e ex-Angélica, tomou o posto de apresentador do Vídeo Show do Miguel Falabela. Mais relevante que isso, talvez só o nascimento do Rouge no programa “Pop Stars” ou Avril Lavigne redefinindo o que é rock em “Complicated”.
Mas, ooh, o foco disso aqui são os releases ocidentais. Então, vamos a eles. Começando pela minha animesong favorita no ano…
Existem certas coisas relativas ao cenário otaku aqui no Brasil que são muito específicas de alguns tempos. A partir da segunda metade da década passada, começaram a rolar um sem número de web rádios piratas que tocavam troços japoneses (e depois sul-coreanos, o K-Pop aqui nasceu desse nicho) online o dia todo. Eu acompanhei várias e, nelas, comecei a me afeiçoar por uma porção de bops oriundos de trilhas sonoras de animes que eu sequer me dei ao trabalho de assistir. Caso de “Inuyasha”, que só vi uns episódios espaçados na TV Globinho, mas trago até hoje diferentes canções que surgiram como OSTs nele.
A melhor em todas é “Shinjitsu no Uta”, do Do As Infinity. Amo aqui a mistura de elementos tradicionais e folclóricos com os instrumentos atuais, além da interpretação da vocalista e da letra ~mística~, que faz dessa power ballad algo maravilhoso e emocionante de se escutar. E falando em “Inuyasha”, outra de suas músicas brilhou à época, sendo o trampolim que certa diva precisava para acontecer de verdade na ilha vizinha…
“Every Heart” colocou a BoA no imaginário nipônico, sendo um dos fundamentos que faria dela, dali em diante, o grande nome coreano dentro da indústria fonográfica japonesa – não é a toa que, por anos, muita gente aqui no ocidente, eu incluso, achava que ela era no nihon e não do hallyu. Balada boa, intensa e com melodias que tocam aos ouvidos. Podem ouvir sem medo.
Falando em BoA, o investimento da SM com ela na Coreia do Sul seguia forte. O K-Pop ainda passava por problemas nessa época (aquilo que eu falei sobre as canções serem mal acabadas, parecerem demos não finalizadas), mas, impressionantemente, “No.1” não causa tanta estranheza quando escutada hoje em dia. E que bom que ela sobreviveu ao tempo, pois, como música, esse é o primeiro acerto real da BoA em casa – e com cara de “música da BoA” já aí nesse tempo, sendo algo que bebe muito do que Michael e Janet fizeram em seus pontos de auge.
Voltando ao mundinho das animesongs, houve outras além das de “Inuyasha” que tiveram uma forte relevância ao período, continuando em minhas playlists até então. Vamos a elas:
Confesso que levei um susto ao constatar que o anime de “Naruto” é tão velho assim. Ele só chegou aqui no Brasil em 2007 pela Cartoon Network, virando aquela febre nacional ao ser exibido depois no Bom Dia & Cia, mas lá fora, já era algo bem grande desde muito tempo. Musicalmente, a delicinha rendeu uma porrada de clássicos do cancioneiro pop japa. E “Wind”, do Akeboshi, foi a primeiríssima. Vocês sabem que eu sou apaixonado por esse encontro entre o “tradicional” e o “contemporâneo”.
Assim como sabem que eu amo esse synthpop oriental retrofuturista, que casa muito bem com qualquer porcaria seriada que os japoneses pensem em lançar, seja lá qual for a temática. Caso de “Shooting Star”, da Kotoko, tema do polemiquinho “Onegai Teacher”.
Fechando o bloco de animes, mais uma trinca de OSTs do Digimon da época. No caso, o excepcional – e injustiçadíssimo pela fanbase, só por os personagens se tornarem digimons em vez de carregarem digimons, bandos de otacos ridículos – “Frontier”. Minhas favoritas em sua trilha são: “The Last Element”, do Ayumi Miyazaki (guitarra desesperada maravilhosa), “With The Will” (gancho grudento demais para a hora em que eles digievoluem) e “Fire!!” (icônica abertura, sing-along ao extremo), ambas do Koji Wada.
Indo para o âmbito de ~grupos~, uma das minhas favoritas no ano é essa delicinha aqui da Ami com a Yumi. Aaaaaarrgghh, que hino! Porra, o PUFFY foi um grupo tão legal e as tentativas delas acontecerem internacionalmente foram tão proveitosas em qualidade. Escutar “Planet Tokyo” hoje em dia me leva direto para o final do meu Ensino Fundamental, quando eu ia para lan houses catar músicas delas para colocar no meu ridículo aparelho de mp3 a pilha. Nostalgia… ❤
Nakata seguia com cada vez mais criatividade dentro do Capsule, rendendo uma porção de faixas estranhas e divertidíssimas de ouvir até hoje. Daí, minhas favoritas são “Plastic Girl” e “Music Controller”. A primeira é um número dançante misturando elementos “retrô” orgânicos com outros eletrônicos, resultando em pura magia cativante aos ouvidos. A outra, também mistura isso de antigamente com o que é idealizado para daqui mil anos pra frente, focando nas discotecas, mas como se os sons fossem feitos através de um fliperama e a Toshiko fosse uma inteligência artificial dos infernos. So many jams!
Aproveitando o gancho, vamos ao que de mais legal outras divas pop soltaram…
Teve a Koda Kumi evocativa de Spice Girls em “Love Across the Ocean”, cujo cgi ridículo deve ter tornado esse videoclipe o mais caro de sua carreira até então. O vocal dela tá positivamente carregado aqui, casando legal com o instrumental mais pesado. Preciosidade desse início dela.
A Ayu estava com bastante fogo para lançamentos no início da década passada, vindo em 2002 com dois álbuns. Tá que o primeiro deles, “I Am…”, serve mais como um encerramento para a era anterior dela, com todos os singles num lugar só. Mas “Connected”, single de divulgação dele, fez bem o papel de novidade que o trabalho necessitava, com ela mergulhando na Dance Music numa atmosfera futurista legal de escutar. Mais tarde, ela soltou o “Rainbow”, cuja tracklist não traz nada que eu ainda escute hoje em dia. Então, huh, “Connected” foi o melhor treco dela e será o único que aparecerá aqui.
“Will”, baladão cafona de cantor de churrascaria da Mika Nakashima que vocês vão odiar, mas eu defenderei até o final.
E encerrando com chave de ouro, ❤ Utada Hikaru ❤ com seu avassalador terceiro álbum de estúdio, “Deep River”, que vendeu mais que DUAS MILHÕES E TREZENTOS E CINQUENTA MIL CÓPIAS na semana de lançamento. Sério, ouçam essa maravilha (completinho no Spotify), dando atenção especial para as inéditas “Letters”, “Let’s Be Happy”, “Deep River”, “Tokyo Nights” e, claro, para a DESTRUIDORA DE ALMAS “Sakura Drops”, um dos bagulhos mais lindos já feitos na história do J-Pop. Bicho, que música linda, envolvente, transcendental, arrebatadora. Cada momento dela é como se anjos tivessem encharcando minha alma com vida. E quando a guitarra entra ao final? Puta que pariu…
E de 2002 foi isso aí, galera. Na próxima, subiremos mais um degrau anual da escada do tempo do asian pop nos anos 2000. Será que o K-Pop começa a dizer a que veio em 2003? Bom… Não. Na verdade, a lista de 2003 é a pior de todas, com quase nada de muito interessante para destacar. Fuen. É a vida. Nos vemos lá! \o
Amado, você se importaria de dizer sua idade? É porque pelos seus relatos, tenho a impressão que você regula de idade comigo. Eu já fiz 27 esse ano.
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será?????
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Se recusou a responder, deve ser ainda mais velho que eu
Bença vô
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Na introdução com os fatos de 2002 no ocidente, faltou comentar a Aguilera (até então vista como uma princesinha pop) escandalizando o mundo com Dirrty, o hino das vadias (no bom sentido), mais de dez anos antes da Hannah Montana pensar em fazer a mesma coisa. É irônico que, mesmo sofrendo muito boicote na época, a Aguilera conseguiu manter a carreira em pé e dar a volta por cima… pra, dois álbuns depois, cair no fundo do poço do flop e nunca mais conseguir sair dali desde então. Pena.
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Aham, sobre a retrospectiva, Digimon Frontier é uma das minhas temporadas favoritas (só fica atrás de Tamers), acho que a inovação das crianças se transformarem em digimons funcionou bem, sim, e a trilha sonora é impecável como em todo anime de Digimon (você quer, Pokémon?).
E todos os elogios feitos à Utada e ao Deep River são merecidos e poderia até ter mais! Nunca vou esquecer que os pelos da minha nuca até arrepiaram a primeira vez que ouvi Sakura Drops… essa mulher é um verdadeiro gênio da música – não só do j-pop, mas de qualquer tipo e idioma de música!
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Stripped é fácil um dos meus, sei lá, 5 álbuns favoritos da vida.
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Dos meus também.
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Mesmo depois de descobri o Kpop eu ainda pensava que a Boa era japonesa. Na minha cabeça a SM tinha treinado ela pra roubar dinheiro dos japoneses pra coréia fjkfkdlsgk
E as músicas da Ayu e ficou pensando como essa mulher deixou a carreira dela virar uma bagunça recentemente 😦
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Acho que a avex sugou a energia criativa dela até não sobrar mais nada. E mesmo assim continuou sugando. Lembro que tinha uma época que tudo que a Ayu lançava vendia pra caramba, aí a avex punha ela pra gravar e lançar vários álbuns no mesmo ano (álbuns mesmo, não EPs), e aí ainda vinham os greatest hits, álbuns de remixes, remixes dos remixes…
Resultado: o público cansou da carreira dela, e ela mesma cansou da carreira dela. Mas enquanto a Namie se aposentou logo que cansou, Ayu por algum motivo não quer dar o braço a torcer. Nessa, ela acaba jogando o próprio legado no lixo – o que é uma pena, porque ela teve muitas músicas ótimas e possivelmente o maior ápice em termos de sucesso que qualquer solista pop japonesa vai conseguir (sim, incluindo Utada e Namie).
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Ah, viu o LOONA no KCON em Los Angeles?
Lado positivo: a julgar pelos vídeos, elas dançaram pra caramba e o público amou elas.
Lado negativo: elas continuam com os mesmos visuais da era Butterfly, o que significa que o comeback não deve acontecer tão cedo…
Engraçado que antes do debut elas tinham lançamentos o tempo todo, e agora demoram quase tanto como o Blackpink pra ter comeback (…OK, exagerei.).
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eu vi, elas dançam pacas, mas cadê aquele hyper tordo, pra no fim começar a esmolecer;
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Exato! Vamo agilizar ae, dona BBC!
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Eu também citaria So Into You, de Kodão, com direito a um belíssimo MV
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