50% de 2020: As 10 melhores músicas do primeiro semestre!

Junho já está com o pé na cova, deixando para trás o primeiro semestre do terrível ano de 2020 que estamos vivendo. Digo “terrível” em relação a todas as outras coisas do mundo e sociedade, já que os avanços da COVID-19, sobretudo aqui no Brasil, com o patético presidente que nos governa, têm impedido ele de realmente começar (não sei vocês, mas com minha faculdade parada e o home office, sinto que estou “de férias” desde o ano passado). Só que, quando o lance é música na Ásia, os últimos meses até que têm sido bem fortes em lançamentos, com uma porção de faixas espetaculares e que me permitiriam, sem qualquer dificuldade, montar um ranking com, vá lá, 50 maravilhas sem qualquer peso da consciência.

Como sou preguiçoso, reduzi isso para as 10 mais melhores de boas que saíram de janeiro pra cá. Fica como um “esquenta” do que mais estou curtindo nesses tempos e, claro, ajuda a criar expectativas para o eventual listão com as 100 mais gostosonas de 2020, mas só lá em dezembro (se é que duraremos até lá).

Btw, saíram algumas canções ótimas nas últimas semanas, eu sei (WJSN, Nature e Twice, beijão nas bocas de vocês), mas elas não aparecerão aqui, pois não tiveram tempo de “maturar” na minha cabeça. Sunmi e Hwasa, que voltam amanhã, sofreriam do mesmo problema, então nem me dei ao trabalho de esperar. E Loona não aparecerá, pois “So What” é uma merda e já não me lembro de nadinha daquele EP qualquer coisa (sem tumulto nos comentários, orbits). Sem mais delongas, aqui vai minha lista com as melhores de 2020 até então, contendo 4 jóias do J-Pop e 6 tesouros do K-Pop. Será que sua favorita dará às caras? É o que descobriremos a-go-ra…

10. ITZY – Wannabe

A JYP Entertainment encontrou a fórmula sonora e visual perfeita para seu novo time de pirralhas desaforadas: cantar sobre amor próprio e não se importar com a opinião alheia por cima de batidas graves, porém chicletes, com o auxílio de videoclipes absurdamente coloridos, onde as integrantes, de alguma forma, não se enquadram nos cenários onde são colocadas. E se isso foi aplicado com perfeição nos dois releases do ano passado (ainda ouço “Dalla Dalla” e “Icy” quase que diariamente), em “Wannabe” o ITZY chegou ao ápice. As seções todas dessa música são muito contagiantes, envolventes, dão vontade de cantar e dançar junto, tamanhos são os ganchos pegajosos. E o refrão com os “AI DON’T WANNA BE SAMBARI, AI WANNA BE ME, BE MEEEE, AI WANA BE ME ME MEEEEEE” entrarão para a os anais do K-Pop com outros exemplares tão legais quanto desovados ao longo da última década.

09. Chanmina – Voice Memo No. 5

A Chanmina é ainda outra que veio apostando fixamente numa proposta sonora e visual do ano passado pra cá, também chegando ao seu ápice agora. Só que ela vai longe da empolgação vibrante do ITZY acima, migrando pruma interpretação mais, na falta de um termo melhor para definir, “pra baixo” de acompanhar. “Voice Memo No. 5” e esquisitamente triste, como se fosse uma trilha sonora interna para momentos ruins (eu imaginaria ela tocando em alguma situação socialmente triste, como chegar na casa de seu melhor amigo e descobrir que ele está dando uma festa com todos de seu grupo em comum, mas você não foi convidado, aí volta para casa e esbarra num bêbado, que começa a te xingar, ou algo assim), embora não seja realmente essa a proposta que ela parece buscar na letra. E o videoclipe com ela num “AA” de palhaços é uma graça de assistir. Pra mim, seu melhor lançamento em todos os tempos.

08. April – Lalalilala

Confesso que eu mesmo me surpreendi por ter gostado tanto disso aqui, tamanha era a minha indiferença perante o April. Culpa da DSP Entertainment, que só fez cagada com o grupo desde seu debut e resolveu sumir com ele da Coreia do Sul após seu primeiro single realmente bom (“Oh! My Mistake” hino atemporal). Mas a espera valeu quando “Lalalilala” viu a luz do dia e nos jogou nessa fantasia dançante purpurinada maravilhosa de viver que é tal música. Eu a escuto e sinto como se uma porção de fadas intergaláticas invadissem o ambiente e despertassem cores em lugares que nem imaginávamos que poderiam ser coloridos. Esse refrão duplo é como um rojão de fogos de artifício quando aceso, só subindo e subindo, até que explode numa maravilha deslumbrante que cobre os céus de vida. Melhor aegyo do ano, ao menos até agora.

07. TXT – Can’t You See Me?

Admito que rolou uma influência grande do MV safadão cheio de camadas interpretativas BEM FEITAS (pois não adianta ter conceito se ele é só jogado na tela sem motivo algum), mas se “Can’t You See Me?” não fosse minimamente excelente, não existiria videoclipe que salvasse. E “Can’t You See Me?” é excelente! O TXT não se deixa levar por todos aqueles maneirismos terríveis de boygroups com catarro na garganta, servindo um vocal gostosinho de ouvir que segue a melodia sem muitas estripulias. E nisso, soma-se o instrumental criativo, que brinca ao adicionar e retirar elementos diferentes a cada verso (adoro a guitarra avulsa que entra na bridge), os vários momentos de puro chiclete (esse refrão, ooh, sim, esse refrão) e todo o resto e, pronto, temos o melhor número de oppas dessa década (huahuahua, que acabou de começar, né). Mas, sério, que clipe legal! É o “Love Cherry Motion” deles, com as frutas e a cor vermelha sendo usadas para indicar a “perda da inocência” (perderam a virgindade, ou aprenderam a se masturbar, fica da imaginação de vocês) dando outro significado à música.

06. Daoko – Otogi no Machi (Fairytale Town)

Essa aqui também é tão boa, sendo mais uma adição de catálogo soberba pra Daoko, que, ano a ano, tem servido bop atrás de bop pros fãs de J-Pop (tem coisa dela nos tops 10 de 2019 e 2017 aqui do blog, aparecendo também no top 100 de 2018 e com vaga garantida no top 20 do listão de 2016 que quero soltar lá por agosto). Consistência o nome disso, Perfume. “Fairytale Town” é uma maluquice viajada no ácido quase que depressiva, com ela relatando ter criado uma Tóquio sombria em sua cabeça, onde ela precisa pagar um agiota, mas se vê cercada por pessoas que se comportam como fantoches e sua única escolha é dançar para se livrar disso. Quando o vocal dela começa a distorcer repetindo as mesmas frases ad infinitum no refrão e os sintetizadores atrás começam a se distorcer, já era, é impossível não se deixar levar.

05. E-Girls – Bessekai (Another World)

“Another Wolrd” é um dos momentos mais agridoces do E-Girls. A letra, literalmente, serve como uma despedida para o grupo, que havia anunciado 2020 como seu último ano em atividade, com elas cantando sobre ser muito triste partir, mas que estão ansiosas para novas aventuras num novo mundo (isso é muito idol, puta merda, hahaha), algo até bastante pesado, ganhando ainda mais força com o final do vídeo, onde cada uma pega seu caminho pra roça (e Reina deslumbra sua futura carreira como solista que sempre quis ser). Só que o pulo do gato está no instrumental, que vai por um caminho completamente oposto, sendo BOILOLA PRA CARALHO , tal como alguma música tema de comercial de loja de departamento, onde modelos dariam algumas reboladas e fariam carões enquanto exibem as roupas em promoção pra câmera. É um conflito de sentimentos hilário e que funciona muito aos ouvidos. Se ainda não tiverem escutado, tomem vergonha na cara e se joguem logo.

04. Katie – Echo

Acho que algumas sobrancelhas serão levantadas com essa da Katie-ex-futura-Pink-Punk alta assim, já que nem post próprio fiz quando ela saiu. O lance é que “Echo” é uma daquelas músicas “grower”, que vão tocando em minhas playlists diárias sem muita pretensão, e repetindo, repetindo, até que eu me veja totalmente tomado por ela em algum momento que nem prestei atenção qual. Há algo de cativante nesse pacote todo que torna “Echo” irresistível à longo prazo. A Katie mistura um vocal sussurrado nos versos, enquanto uma certa agressividade debochada aparece no refrão. É tudo muito gostosinho de ouvir e cantar junto, entregando de bandeja tudo o que um bom release “de cafeterias” tem de melhor. E com o MV drogado ao extremo, a experiência fica ainda melhor. Melhor bagulho de uma solista coreana até então.

03. Everglow – Dun Dun

Eu sei que vocês já devem estar de saco cheio de grupos apostando no girlcrush mina fodona concept, pois foram vários os comebacks nesse estilo do início do ano passado pra cá, mas acho que o Everglow chutou o traseiro de toda a concorrência em tal nicho. “Dun Dun” é o ponto alto dessa ideia sapeca nos últimos tempos. BLACKPINK, (G)I-DLE, Loona e outros nem tiveram chance. Eu sou completamente apaixonado por esse refrão. Quando a gatinha com a coleira de joias olha pra câmera e chega com os “you’re so dandandarandan dandarandan dandarandarannn” acapella, junto com a coreografia pendendo pra lá e pra cá, não tem pra ninguém. E falando em coreografia, o final com a loirinha quebrando tudo na gaiola é arte pura. “Dun Dun” é o que de mais shady, fierceflawless e demais adjetivos em inglês usáveis em comentários no YouTube uma title no K-Pop conseguiu ser nos últimos meses. Ponto.

02. GWSN – Tweaks ~ Heavy Cloud But No Rain

Eu não estou nem aí que o GWSN vive reciclando essa aposta no garage house noventista, que o F(x) levou à perfeição na década passada com “4 Walls”, a cada comeback, já que house para ballrooms é a minha kryptonita e me sinto a própria Leiomy Maldonado mandando os cinco elementos do vogue (assistam Legendary, available on Fuzzco News HBO Max) quando “Tweaks” começa a tocar. Eu ouço tanto isso aqui que, outro dia, quando minha mãe olhou pro céu e disse que estava nublado, mas achava que não ia chover, eu tive um ataque de risos que ela jamais entenderá o motivo. 2020 ainda não nos proporcionou nada melhor em questão de K-Pop. Só é uma pena para as pirralhas do parque que a Ásia não é feita só da Coreia – e que eu resolvi considerar a Rina Sawayama como asian pop, mesmo ela tendo no Reino Unido seu foco de divulgação… :V

01. Rina Sawayama – XS

É bastante comum que artistas pop que se prestem a bolar músicas e álbuns conceituais caiam na armadilha de focarem muito na mensagem passada, mas não tanto na forma em que ela será mostrada. Ainda mais quando fitam um woke pop mais pretensioso (só lembrar do Justin Timberlake chato pra porra aqui, eca). Mas a Rina Sawayama, aaarrrhhg, a Rina Sawayama! A gente pode simplesmente ignorar a letra com mensagens sobre consumismo e demais problemas atuais da vivência em sociedade, assim como dar de ombros pro que ela significa dentro do todo que é o LP, e ainda assim curtir “XS”, tão legal que ela é como música. Claramente inspirada naquela mistura de R&B com pop do início dos anos 2000, a coisa toda sobe de nível quando nossas caras são esmurradas com acordes de guitarras super distorcidos, que encaminham a faixa pruma zona numetal impressionante de tão inesperada. E como eu gostei da mensagem passada nela, no clipe, e de como ela encaixa na tracklist e na história toda contada, não tenho como não colocá-la, até esse momento, abaixo da primeira posição desse ranking improvisado. Será que continuará intacta no topo até o fim do ano? Só o tempo dirá…

Quase lá: “Fiesta”, do IZ*ONE, que não entrou por ser mais ou menos da mesma fôrma dance vibrante de “Lalalilala”, que tenho ouvido mais nos últimos dias, e algumas outras da ala girlcrush, mas que não são fortes quanto “Dun Dun” e “Wannabe”, como “Red Moon”, do KARD, “Kitty Run”, da AleXa Russa Musculosa, e “Queen”, do 3YE.

Deixem aí suas favoritas desse primeiro semestre.

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33 comentários em “50% de 2020: As 10 melhores músicas do primeiro semestre!

  1. broxei tanto com esse ano… talvez seja só a minha cabeça que não tá muito em clima de ficar ouvindo club bangers, apesar de ultimamente eu ter ouvido bastante umas summer jams tipo boogie up, ddd do the boyz e etc. mas no geral eu acabei ouvindo bastante músicas que seguem numa pegada mais chill ou fofa

    enfim, minhas favoritas do ano são dumhdurum do apink; labyrinth do gfriend; you & i, dreamlike e destiny do iz*one; o álbum do suho (made in you e starry night eu pessoalmente amei); zombie e afraid do day6; skyline da sejeong…

    … e é práticamente só isso mesmo de músicas que eu acabei baixando esse ano

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  2. AAAAAAAAAAAAAA Tweaks é maravilhosa, fantástica, perfeita e todos os adjetivos possíveis e impossíveis, existentes e não existentes, simplesmente. Só em pensar em top 10 que o meu cérebro já buga e esquece magicamente de tudo o que o que foi lançado esse ano (com exceção das músicas listadas acima) então fico com:
    1 – Tweaks
    2 – ~
    3 – Heavy
    4 – cloud
    5 – but
    6 – no
    7 – r
    8 – a
    9 – i
    10 – n
    É isso, apenas.

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  3. O que eu tenho ouvido com mais frequência mesmo desse ano é Lalalarilarialala (não sei escrever o nome), que eu sempre sinto que o KARA poderia ter lançado tranquilamente.
    Wannabe do ITZY também me surpreendeu. No mais, eu tenho que adentrar mais no j-pop, que pelo visto tem muita coisa interessante.

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  4. Wannabe acho que foi a melhor até agora, se consagrou mais que os lacres das concorrentes IZ*ONE e permanece na minha playlist até hoje…. Que pecado não colocar Dumhdurum das Apink!!

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    1. não é a city pop perfection, mas é ótima (difícil errar com city pop, eu acho)

      mas nesses tempos em que ninguém ta se prestando a lançar uma música assim, salvou a minha vida

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  5. Estou aqui me perguntando onde eu estava para só ter conhecido essa da Katie apenas agora – deve ser porque vc é um dos raros blogueiros de fundo de quintal que divulga essas coisas. Tirando Wannabe e a da Everglow – que são legais só nas aulas de zumba do YouTube (inclusive recomendo nessa quarentena) – todas as outras já entrarão ou já estavam na minha playlist do Spotify.

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  6. Boa lista.

    Mas… a Rina Sawayama conta como j-pop? Porque as músicas dela são em inglês, pensadas e divulgadas para o mercado ocidental, e ela mesma já disse que não gosta de j-pop.

    Falando em Rina, parece que ontem ela participou de uma live especial da Pabllo Vittar (não só ela; foi um grupo bem heterogêneo, incluindo Diplo, Thalía – vulgo Maria do Bairro – e uma das moças aleatórias do Fifth Harmony). Não assisti, mas parece ter sido legal.

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    1. Eu resolvi considerar a Rina como asian pop por pura arbitrariedade, tipo rolou com a Tiffany ano passado e os bops flopados dela pros EUA. Aproveitar que a cantora é oriental e colocar tudo na mesma sacola.

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      1. Ah, entendi a lógica!

        Embora a Tiffany tenha tido um pezinho no k-pop antes de se aventurar no ocidente, enquanto a Rina nunca mirou o mercado asiático (ao menos que eu saiba). Mas ei, se isso ajuda a Rina a entrar numa lista pra ser exaltada, concordo plenamente!

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