Time Machine: “And July” e quando a Heize se tornou a mocreia do rap mais bem sucedida em todas (2016)

Essa movimentação toda em cima do “Good Girl”, que já acabou e eu esqueci de assistir, me lembrou de quando a MNET tinha um outro programa onde rappers e idols competiam para ver quem é a maior grande gostosa entre as grandes gostosas e faturar unzinho nisso: o “Unpretty Rapstar”, cujas primeiras duas temporadas (o programa meio que se queimou e perdeu a relevância depois disso) foram ao ar no emblemático ano de 2015. A primeira serviu um programa mais interessante de assistir, com momentos que ficaram na cabeça por muito tempo (Jimin e Jessi rainhas nisso, conseguindo render takes por coisas aleatórias como enfatizar que aquilo era uma competição e tretas envolvendo frango).

A segunda, no entanto, serviu um line-up ainda mais estrelar (Yubin, Hyolyn, Yezi, Exy, trainee da YG). E ainda que os resultados finais não tenham sido realmente satisfatórios (porra, dar a vitória pra Truedy?), a competição nos permitiu abrir os olhos para alguns talentos que acabamos não prestando tanta atenção, visto não fazerem parte de grandes gravadoras, ou por não estarem nos circuítos mais populares frequentados por idols. Dentre esses nomes, é fato dizer que a Heize foi a que se deu melhor à longo prazo.

Transitando entre o Hip Hop e aqueles releases mais alternativos que universitários coreanos adoram colocar no topo da Gaon, hoje ela é a com a carreira mais estável, colecionando sucessos a cada comeback. E isso tudo começou lá em 2016, com uma sequência de hits, cujo meu preferido até então é And July, parceria com o Dean

Aaargh, que música gostosa. É bem difícil encontrar uma rapper que consiga mandar bem nas rimas, com um flow bacana e, ainda assim, conseguir cantar bem. Aqui no ocidente, os nomes mais óbvios são a Negra Li, a Erykah Badu, a Janelle Monáe e a Lauryn Hill. No oriente, em uma menor proporção, talvez a CL e a já citada Jessi.

O instrumental de “And July” grita a 90s por haver toda uma construção mais orgânica, com as batidas contadas pela caixa e a inserção de um andamento de fundo mais lento feito pelo baixo, mas possuir uma adição de velocidade levada pelo piano. É claro que as palmas, batidas de pratos e backing vocals mais gritados ao final dão todo um sabor bem mais especial.

A contraposição das rimas mais malemolentes, por vezes até cantadas, da Heize com o ótimo vocal do DEAN, que acertou em cheio ao só seguir a melodia afinado em vez de rechear a performance com agudos e melismas desnecessários, faz dessa uma colaboração que permite aos dois brilharem tanto individualmente, quanto juntos.

Já o MV, dirigido pelo Digipedi, duo responsável por algumas das melhores produções visuais do Orange Caramel, do Epik High, do EXID, do Stellar e de mais um monte de gente, mostra os dois como um casal birrento e teimoso, que implicam entre si durante todo o dia, vingando-se de maneiras bem toscas e aleatórias.

A parceria entre os dois já não era uma novidade, pois tempos antes os mesmos já haviam soltado a também ótima “Shut Up & Groove” acima. Ainda sou apaixonado por esse andamento que varia entre veloz e mid, coberto de sintetizadores que armam a faixa com uma aparência mais contemporânea. Quase uma versão 2016 – e coreana – de American Boy, da Estelle. E como essa foi uma das melhores canções da década retrasado, é claro que é um baita elogio.

Ainda em 2016, Heize soltou mais dois singles, que conseguiram fazer até mais sucesso que os duetos com o Dean: a chatinha Don’t Come Backfeat. com algum cara do Highlight (por onde andam?) que vendeu DOIS MILHÕES E MEIO de cópias naquele ano, e a boa baladinha Star, seu primeiro #1 na Gaon, com quase um milhão e meio de cópias digitais. Mas prefiro “Shut Up & Groove” e “And July”, sanduichadas entre essas, com mais de 260 mil e 760 mil cópias cada, menores em comparação interna, mas enormes em comparação com outras solistas iniciantes da época.

A Heize é um bom exemplo de artista no K-Pop que conseguiu usar a projeção adquirida num survival show para, de fato, levantar sua carreira. Se seus lançamentos davam traço nos charts antes de “Unpretty Rapstar 2”, após o programa, com um investimento correto por parte de sua gravadora para posicioná-la numa fatia de mercado que estava bem propícia para novos nomes, ela segue firme até então como uma fábrica de sucessos, ou estrondosos, ou apenas aceitáveis, dentro dessa indústria.

Sei que sou minoria entre vocês aqui com isso de “música para cafeterias”, mas acredito que, para quem quiser começar a se aventurar por tal outra faceta do meio fonográfico coreano, esse é um bom começo. “And July” é a melhor música dela, uma das melhores de 2016 e um ótimo ponto de partida para relesases realmente divertidos nessa pegada.

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9 comentários em “Time Machine: “And July” e quando a Heize se tornou a mocreia do rap mais bem sucedida em todas (2016)

  1. O good girl em si foi bem legal, como provavelmente você não vai assistir, assistir as performances pelo menos seria bem icônico (tem desde beijo no palco até umas bobagens pops bem gostosas, e a yunhway é exatamente o que a Heinze foi no UR, se tu der uma chance pros trabalhos dela provavelmente tu curta bastante, no programa ela fez umas ótimas tbm, perdeu pra hyolyn fazendo summer jam (!!!) enquanto a hyolyn cantava ballad (!!!) e o feat da final com a Ailee ta muito bom tbm) (sim eu virei muito cadelinha da yunhway, mas acredito de verdade que você vai curtir os trabalhos dela)

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