Parece até estranho quando falamos isso hoje, depois de toda a revelação de falcatruas e do desgaste da fórmula após ser tão repetida, mas em 2016 o Produce 101 era GRANDE. O programa da MNET se mostrou uma das ideias mais interessantes e lucrativas do canal ao longo dos anos, além de ser um tipo de produto que só um país com um investimento tão forte na indústria “idol”, como a Coreia do Sul, seria capaz de executar (foi um dos tópicos do meu TCC de Jornalismo, btw).
O intuito do reality show era formar um grande grupo que serviria de “padrão” no K-Pop (daí o 101), selecionando o line up de 11 integrantes a partir de 101 candidatas, sendo elas, em sua maioria, trainees de diferentes empresas/gravadoras do K-Pop. Esse girlgroup teria um contrato de alguns meses de promoção, de modo que, após essa jornada idol, as meninas retornariam em atividades normais em seus próprios selos. É claro que nem tudo ocorreu exatamente como o inicialmente planejado, mas o ponto de partida era esse aí.
*BOOOOOOOOOOOOMMM*
Obviamente, isso atraiu a atenção de muita gente, com vários lados tendo a possibilidade de faturar em cima dos resultados. A MNET e a YMCent ganhariam bastante não só em audiência com o programa, que acabaria conquistado uma fanbase gigante, mas também com os direitos de distribuição do eventual grupo formado pelas vencedoras. As demais gravadoras se beneficiariam da atenção que suas integrantes, vencendo ou não, conquistariam dentro do survival show, já reduzindo bastante o trabalho de pré-promoção que eles deveriam fazer quando, eventualmente, elas debutassem em seus respectivos grupos, visto já serem famosas o bastante para atrair o público (o (G)I-DLE com a Soyeon tá aí pra provar isso). E as próprias meninas se beneficiariam com isso, formando uma base de fãs própria, sem dependerem de suas empresas originais (caso da Somi e da Pinky).
À época, gostei bastante de assistir o programa (embora não me lembre de quase nada), sendo o começo explosivo do que, nos anos conseguintes, se tornaria um padrão dentro da indústria. Em seus vários segmentos, acredito que um dos preferidos entre os espectadores, ainda hoje, tenha sido o 35 Girls, 5 Concepts, que fazia o que seu título indicava: dividia 35 participantes para que executassem 5 conceitos comuns em releases de girlgroups no K-Pop. Essa pataquada rendeu um mini-álbum tão excepcional e um burburinho tão grande que foi reprisada não só nos demais shows relacionados à franquia Produce, mas em realities da concorrência, como o The Unit e MIXNINE.
Mas nenhum deles foi tão bom quanto o da primeira temporada do Produce 101. Minha teoria para isso: o “35 Girls, 5 Concepts”, tal como o próprio 101 em si, funcionavam como uma grande homenagem ao K-Pop feminino da era de ouro (2007-2011) e dos anos seguintes a ela na primeira metade da década passada (2012-2015), onde as músicas e conceitos eram mais variados e delineados entre si, com espaço para tudo, enquanto os segmentos semelhantes que rolaram depois, em sua maioria, focavam no “novo K-Pop” pós-2016, menos heterogêneo, mais safe em apostar em conceitos parecidos (ainda quero escrever mais sobre isso, talvez num projeto de mestrado, ou num livro, mas enxergo que, em 2016, houve uma “ruptura” nas sonoridades escolhidas, temáticas, estéticas e demais coisas que envolvem lançamentos dentro do cenário pop sul-coreano, onde os grupos e artistas começaram a “se levar a sério demais”, enquanto o que era vendido antes disso era mais, ahn, “puramente entretenimento”).
Dito isso, e aproveitando que estou relembrando jams de 2016 para o próximo ranking aqui do blog (uma hora sai), resolvi comentar, na ordem da tracklist do EP, as cinco faixas lançadas pelas units temporárias das integrantes. São 5 pérolas que sobrevivem até hoje no meu celular. No entanto, só uma delas dará às caras no top 100. Chutam qual será?
[ Make Some Noise – 24 Hours (Farofão Concept) ]
Que saudades da época onde as empresas viam vantagem em apostar em grupos mais bagaceiros, como o T-ara ou o Orange Caramel, cujos releases tinham como foco principal colocar todo mundo para rebolar gostoso nas pistas de dança de Seoul em vez de vender fanfics ou teorias que fãs tentariam decifrar por meio de cenas de três segundos em MVs. “24 Hours” é puro entretenimento, descompromissado, e que me desperta a mesma reação que a platéia durante a apresentação, aproveitando os minutos para pular, gritar, bater cabelo e coisas do tipo.
Ahein, o vídeo traz ainda uma porção de pérolas, com várias das meninas perdendo o fôlego depois da coreografia PULANDO E GIRANDO, elas deixando escapar gritinhos por conta do microfone na cara, Kahi tiazona fazendo aegyo fofinho nos bastidores, Insun tiazona ficando com as notas altas por sabe-se lá qual motivo. Enfim, apenas vitórias.
[ Pink Rush – Fingertips (Sexy Concept) ]
“Fingertips” também é uma graça, embora tenha aquele cheirinho de b-side que aparece lá pelo meio do mini, mas que os grupos dão uma palhinha de um minuto e meio em apresentações no Raul Gil antes da title. Toda ela é bem girly, divertidinha e transpõe em áudio o clima mais “somos amigas gostosas que saem para se divertir” que Chung Ha, SeJeong (Gugudan), Nayoung-cara-de-pudim (Pristin) e as outras venderam no palco. Ainda adoro o refrão super repetitivo, fica na cabeça, é bastante chiclete.
Fun fact: embora a “24 Hours” acima seja a que mais puxe pro EDM dentro da tracklist, “Fingertips” é a que conta com a produção do duo LDN Noise, que trouxe uma porção de faixas dance para acts da SM nesse período. Isso não chega a ser tão surpreendente quando constatamos que eles também produziram outras nessa pegada R&B-dançante pro Red Velvet, né?
[ Splendid Rivers & Mountains – Don’t Matter (Mina Fodona Concept) ]
SOYEON MUITO TOSCA, PUTA QUE PARIU! ❤ A moral do girlcrush nessa época estava tão em baixa que, se não me engano, isso aqui ficou em último (ou penúltimo, sei lá) na votação popular dos singles, com a maioria das integrantes sendo chutadas da competição pouco depois. Quem diria que, tempos depois, o gênero voltaria a dominar o mercado com o BLACKPINK, o (G)I-DLE e por aí vai? Mas, ó, fico até feliz de a Soyeon não ter entrado no I.O.I. Quer dizer, a vitória acabou se mostrando uma maldição para todas as que não se chamavam Chung Ha a longo prazo, né?
Adoro “Don’t Matter”. O San E fez uma boa produção aqui, com as meninas podendo emular CL gloriosamente num batidão urban cheio de ganchos deliciosos que não envelheceram nem um pouco. O break de saxofone é uma das minhas partes favoritas, mas nada supera o refrão final com uma tentando mostrar que tem mais voz que a outra. Um clássico.
[ 7-Go-Up – Yum-Yum (Red Velvet Concept) ]
Acho que esse aqui foi o line up mais estelar do rodada. Somi (ex-JYP, que era vendida com a injustiçada por não ter entrado no Twice, hoje no porão da YG), Chae-Yeon (do DIA) e Choi Yoo-jung (hoje no Weki Meki) entraram pro I.O.I no fim das contas. A Soyeon-cara-de-cu quase entrou também. Dani (ex-cotada-pro-T-ara) tá aí, Xiyeon (Pristin) com seu sorrisão que não cabe na boca. Até a icônica vilã Chanmi (ex-quase SNSD, ex-Coed School, ex-5dolls, ex-Produce, ex-MIXNINE, ex-A Fazenda e ex-quase High Color) bateu ponto.
“Yum-Yum” é uma bobageira hilária e recheada de duplos sentidos, ao maior estilo aegyo-amalucado-mais-sapeca que o Red Velvet vinha fazendo até então. Na real, isso aqui colaria legal dentro da tracklist do “The Red” ou como uma title das cinco cicatrizes nas costas do cramunhão em 2016 mesmo (podiam ter lançado essa em vez de “One of These Nights”). Minha parte predileta no vídeo acima é quando a Somi acerta a sequência de notas pré-refrão, aí a Cheetah e a Jea vão acompanhando com aquela cara de “meus deus, essa mula realmente conseguiu”.
[ Girls On Top – In The Same Place (Chave De Cadeia Concept) ]
Mais acima, falei que o público havia deixado o girlcrush de “Don’t Matter” em último, pois o conceito não era muito bem visto à época. Então, acho que não é surpresa que esse white aegyo fru-fru aqui foi o grande destaque em audiência, certo? “In The Same Plance” entregava tudinho que o público sul-coreano mais curtia em 2016: meninas vestidas como se tivessem 5 anos de idade, fazendo expressões confusas por cima de um batidão fofinho. Tudo na sequência do sucesso do Apink em anos anteriores e do crescimento de grupos como GFRIEND, Lovelyz e Oh My Girl.
Falando assim, parece até que não gosto de “In The Same Place”, mas escuto ela com uma frequência bem maior que outras nessa lista (risos). É um número white aegyo naquela pegada etérea muito bem feito, sendo eficaz em construir uma aura emotiva em seus versos e refrãos, até que chega a bridge e tudo vai pra outro nível. Pontos extras para a Yeon-jung (Cosmic Girls) gritando gostoso quando deve. A Doyeon (Weki Meki), que também entrou pro I.O.I com a Yeon-jung, não faz muita coisa, esse visual não combina com a cara de modelo internacional dela. Mas é legal assistir a grande subcelebridade Sohee fazendo barulhinhos fofinhos com a boca, então tudo bem.
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Outros singles legais de outras provas Sei Lá Quantas Pessoas, Sei Lá Quantos Concepts
O tropical house de “Never”, único que realmente se salva da temporada de oppas do Produce em 2017…
“Like a Star”, do MIXNINE, com Chanmi (de novo), HeeJin e HyunJin (Loona) e Ryujin (ITZY) mandando muito numa midtempo sensual, como se estivéssemos em 2014…
“Hush”, também do MIXNINE, com Sori (CocoSori, um dos seres humanos mais sensuais desse universo), aquela Eyedi flopada que dizia que não queria ser idol, mas aí foi participar dum programa pro formar um grupo idol, e mais um povo com a grande música que a YG não deu pro BLACKPINK…
E “Rumor”, do Produce 48, com a Kaeun (After School) e outras menos específicas fazendo aquilo de Red Velvet igual o 7-Go-Up, mas com uma estética “The Velvet” em vez de “Red”. Por mim, tudo bem.
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Um mérito que deve ser dado a esse 35 Girls, 5 Concepts é que apesar da diferença enorme de estilos, TODAS as músicas ficaram legais.
Devo confessar que quando li “35 Girls”, tava achando que o artigo ia falar de algum girlgroup de j-pop, desses com 50 integrantes onde duas ou três cantam e o resto rebola a raba (oi, AKB48; saudades e descansem em paz, E-Girls).
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Quanto às performances do MIXNINE (também conhecido como flop televisivo colossal do YG), acho que foi essa primeira que rendeu o momento icônico em que a HyunJin fez a performance com extrema má vontade, provavelmente de propósito pra sair… e acabou que o júri colocou ela em PRIMEIRO LUGAR no ranking, com a menina-gata caindo sentada no chão sem entender nada enquanto a Ryujin ficou com cara de cu por não ter ficado em primeiro.
HyunJin foi a grande estrela do MIXNINE – não nas performances, claro, mas nos bastidores, fosse com ela constantemente imitando cachorro (e deixando os outros participantes com cara de WTF), fosse com a edição nem um pouco tendenciosa do programa pintando ela como a grande vilã quando ela chutou a HeeJin do grupo dela em uma das provas. Ainda bem que esse programa foi um fracasso de audiência, ou ela provavelmente seria odiada pela Coreia até hoje.
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pra mim o melhor é o do produce 48, com as mais bostas sendo as minhas favoritas e as músicas mais reproduzidas do meu last em questão de meses, com uns números que eu não bati com nenhuma outra música até hoje
acho que sei a coreografia quase inteirinha se pa
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credo
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white aegyo vive! #nóssomosresistencia
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Ai, Produce 101 foi icônico, mas a decadência veio a partir do momento que adaptaram para machos tbm (não de público, pq todo mundo sabe que as adolescentes coreanas surtam em cima de macho).
E ai começou a patifaria do P48 e o ultimo P101X (que é só fundo do poço)
Acho curioso como a Mnet faz uns realytes que rendem pérolas ótimas com as minas (P101, Queendom, o recente Good Girl). Mas quando trazem as versões masculinas (P101 e Kingdom/Road to kingdom), sempre é uma merda.
Idols femininas sempre conseguem subir muito o nível de competições.
Uma pena, que de tudo isso, as agências quiseram emular o próprio show e dissolveram as meninas em grupos inflados com outras 666 integrantes.
Sucesso pra Chung Ha, que estava numa empresa mais sensata.
Dessas músicas, a melhor pra mim é Fingertips.
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24 hours memorável e atemporal única música possível do top 100, não me decepcione loonei
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Será???????????????????
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Já quero as nugus no top 30 hein
Ei vai rolar aquele time machine do Brave girls e do Wonder girls já que foi em 2016 que elas resucitaram
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Do Wonder Girls já está parcialmente escrito até. Sai ainda essa semana. @_@
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Um time machine pra Cerebureichon, das E-Girls, também seria bem-vindo!
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Do E-Girls, se eu fizer, muito provavelmente, será de Pink Champagne, que é a que eu mais gosto delas de 2016.
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Também é uma boa escolha!
Mas também acho interessante um de Cerebureichon mesmo assim, por ser o debut delas e coisa e tal, além das coreografias icônicas, com elas erguendo perna na cabeça no melhor estilo Pussycat Dolls e uma metendo um passo de CAPOEIRA do nada…
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Não vi o pd101 então achei todas as músicas uma bomba, e como sou babaovo do pd48 o 30 girl 6 concept é maior e melhor
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Que falta de respeito.
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