O título é agressivo, mas eu gostei da música. Me deixem explicar…
No post anterior, falando sobre o Lovelyz, estive lembrando sobre a onda white aegyo pueril que rolou no K-Pop na segunda metade da década passada. Enquanto grupos mais “malvados” como 2NE1 e 4MINUTE viam suas trajetórias chegarem ao fim, uma porção de acts fofinhos e infantilizados ganhavam projeção, com a própria fanbase coreana e internacional (ó só a maluquice) colocando isso como algo “natural”, como uma “resposta feminista” aos conceitos mais sensuais que, supostamente, degradavam garotas quando feitos por nomes como AOA, EXID, dentre outros. Lembram que rolou até um ataque de fãs do Loona ao blog falecido quando apontei alguns desejos meus para o que o grupo poderia seguir imagem e sonoramente em seu debut? Pois é, isso aí, mas em proporções realmente comentáveis.
Todo esse argumento é bastante maluco, questionável e levaria bem mais tempo para ser aprofundado aqui, então prefiro focar no fato de que, consequentemente, a cena se viu desfalcada de grupos femininos que vendessem uma imagem mais “poderosa”, “agressiva”, de bad girls fora dessas convenções de saias plissadas e expressões confusas em tela, explorando sonoridades mais condizentes nisso, como dance, Hip Hop e suas variações.
Nesse contexto, levando também em conta o disband do 4MINUTE e a Soyeon ainda sendo crua demais para debutar um grupo com ela (seus singles solo pós-Produce 101 e Unpretty Rapstar não fizeram barulho algum) e outras trainess, a Cube teve a maluca, mas certeira, ideia de mudar radicalmente a imagem do outro girlgroup ativo da casa, o CLC, de uma bobagem aegyo retrô que não chamava muita atenção para, ahn, o 4MINUTE, mas com 7 integrantes:
O novo CLC não chegou a estourar de verdade nessa nova proposta na Coreia do Sul (na verdade, seguiu vendendo a mesmíssima quantidade de álbuns), mas conseguiu conquistar olhares internacionais de um público, que, imagino eu, vinha de uma época onde o K-Pop era mais variado em suas estéticas, servindo como uma boa base de releases girlcrush num deserto infantilizado que parecia não render muito mais à curto prazo.
As coisas começaram a mudar com o passar do tempo. BLACKPINK se tornou uma febre internacional, (G)I-DLE viu a luz do dia e foi um estouro imediato, com mais uma porção de acts femininos enxergando que poderiam investir no mina-fodona-concept e lucrar em cima disso. Nesse meio tempo, o CLC ficou firme, com mais e mais lançamentos que quase não vendiam, mas faziam a alegria dos (poucos) fãs pela qualidade elevada (na real, o line-up do CLC é muito bom, com elas conseguindo elevar qualquer demo que colocam as vozes).
Hoje em dia, o aegyo é a exceção e esses números tryhard são o trend, de modo que são trocentos os exemplares que saem mensalmente para nossa alegria. Logo, os “esforços” do CLC já não são mais necessários. E provavelmente devem ser uma pedra no sapato da Cube. Se quando quase não tinham concorrência no nicho já não faziam sucesso nenhum, imagina agora que são genéricas? Na outra face da moeda, a gravadora tem Soyeon e as outras, que rendem muito mais fazendo o mesmo. Não é a toa a falta de investimento em quantidade de lançamentos e verba para MVs.
Mas enfim, Helicopter é ainda outra boa música dentro dos maneirismos dessas faixas urban que ficariam um saco caso feitas por boygroups, mas ganham um brilho especial quando executadas em vocais femininos, com carões, apliques batendo ao vento e uma ~mensagem~ por trás. Eu curto e certamente ouvirei bastante. Mas, ahn, sou exceção nisso. E sei que a Cube deve saber que não tem muito mais para onde ir com elas (e eles já tentaram), então, sugiro que aproveitem esse single aí como se fosse o último. No lugar da gravadora, eu mesmo já teria encerrado suas atividades.
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Completamente apaixonado pelo seu blog. Parabéns pelo trabalho. Ganhou +1 leitor.
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Ahwn. @_@
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Poxa, deixa a cube gastar dinheiro com o clc, elas podem continuar lançando músicas boas enquanto outras no mesmo nicho tentam e conseguem mais sucesso que elas. Que mal faz a cube ter seu grupo nugu com músicas boas.
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Por mim, que elas durem mais uns cinco ou seis anos com bops semestrais, mas é preciso ser realista… :V
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Lunei, sentindo falta dos seus música pop x música kpop com o mesmo nome 😢😢
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Eu tinha até esquecido já desse quadro. Vou ver se volto a fazer ele esse mês. ^^
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Helicopter não é uma faixa ruim, mas sei lá… Já lançaram melhores, e são capazes de lançar coisas melhores de novo – e espero mesmo que lancem!
Conheci o CLC naquele barulho que Hobgoblin fez, como a maioria dos fãs internacionais. Sempre achei que era o girl group mais redondo da Cube (que não é uma empresa de fundo de quintal, diga-se de passagem, e sempre teve dinheiro para investir nelas): tinham uma rapper decente (que emulava a Hyuna, mas esperado né), uma boa main vocal (Seunghee <3), uma main dancer que dá um banho em muitas outras dessa geração, duas integrantes estrangeiras para divulgações internacionais (não sei por que não investiram na China ou Sudeste Asiático, teriam bombado lá com facilidade)… E mesmo assim eram flop nível nugu fundo de quintal.
Para mim, o CLC só não aconteceu por falta de direcionamento mesmo: lançaram um álbum urban/industrial como o Crystyle, aí apostaram em algo vagamente oitentista/city pop com Free'sm logo no comeback seguinte (da icônica Where Are You?, que não fez barulho NENHUM quando lançada e foi preterida nas promoções em relação à B-side, mesmo sendo uma faixa até sólida), voltando para o girl crush com Black Dress. Essa dualidade louca não era "planejada" como foi no Red Velvet, mas só fruto de desespero da Cube por não saber para que lado atirar: com RV existe uma "consistência" de sonoridade em que você sabe que aquilo foi lançado pelo RV independente de ser uma faixa do lado red ou do lado velvet, mas com o CLC se você não conhece as vozes das integrantes não conseguiria ligar os diferentes releases ao grupo. Até a adição de integrantes posteriormente ao debut dava a entender que a Cube queria fazer o grupo acontecer, só não tinha ideia de /como/. O que é uma pena, porque eu gosto muito delas, e espero que aconteçam em breve.
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Cai aqui de paraquedas hehehehe. Mas não deixo de concordar sobre. A sensação que fica é “uau, mais uma música girl crush número 142526283”.
Eu tentei explicar quase da mesma forma. Elas tinha uma teoria pra funcionar e não funcionaram. Só não entendi a da Cube querer mudar a imagem depois de um longo tempo sem comeback_ e nem da pra dizer que é mudança de visual porque elas já fizeram isso com aquela Hoboglahsl sei lá. Quero só ver qual vai ser os próximos passos disso.
Minha intuição diz que é teste de mercado e ver se a fanbase que tanto pede comeback vai acompanhar elas mesmo ou é só fogo no rabo.
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