Dreamcatcher – Chase Me | Casa da Árvore dos Horrores #03

Sim, sim. Dreamcatcher. É claro que elas apareceriam por aqui. Afinal, de todos os grupos existentes hoje no K-Pop, elas são o que levam mais a sério o “horror” como uma linha narrativa principal. Claro, tem outros aí, o Purple Kiss, aquele que uma integrante usa uma cabeça de coelho. Mas o Dreamcatcher é o mais apurado e, sem sombra de dúvidas, o que mais deu certo em tal nicho do nicho até agora.

Para a terceira edição da Casa da Árvore dos Horrores, vamos com o debut (ou re-debut) do grupo, Chase Me:

Voltando naquilo de usar o terror como conceito, acho interessante como vários acts asiáticos (até agora, só comentei de K-Pop, mas tem J-Pop vindo aí em breve) aproveitam do Halloween como uma data, ou do terror como um gimmick estético para alguns de seus lançamentos.

Nesse bolo, tenho a impressão de o Dreamcatcher ser o equivalente à Sharon Needles pro K-Pop: elas não usam o terror como um conceito pontual, sim como uma narrativa fixa ao grupo, que vai se adaptando a cada lançamento delas.

Lembro que desde o primeiro ano de promoção nós especulávamos sobre quando elas largariam o horror/rock pra apostar em algo mais corriqueiro, usual, leve. E isso nunca rolou. Ano a ano o Dreamcatcher tem se mantido nessa, adaptando seus visuais soturnos e sonoridades pesadas para os contextos que querem trazer. O mundo todo entrou na onda latina, aí elas foram lá e soltaram Boca, que aproveita alguns elementos do tipo, mas ainda tem como tema central o metal.

E tudo começou lá atrás, em “Chase Me”, que se mantém como minha predileta do grupo. Acho que não tem nada aqui que eu já não tenha falado antes no blog. Quando escrevi sobre ela no pódio do top 2017, ressaltei que o que mais funciona em “Chase Me” é o fato dela ser ridiculamente caricata. Pois isso é, assumidamente, um grupo idol fofinho emulando o “Kawaii Metal” do BABYMETAL, que por si só emula o heavy metal, com um pouco mais de produção e capricho estético.

O fato delas retirarem essa sonoridade de um meio que muita gente costuma levar a sério demais (huh, fãs de metal costumam ser insuportáveis, falo por experiência própria de anos de adolescência nisso) e converterem numa bobagem pop é tão… legal. E a música é boa, o instrumental é bom, o refrão é uma delícia grudenta, tudinho é inusitadamente divertido. E com o MV de casa assombrada, tema explorado por elas nos dois comebacks seguintes ainda, só torna tudo melhor.

Acho que o MV de “Chase Me” usa como influência principal o filme “O Iluminado”, do Stanley Kubrick. É um clássico, um dos maiores filmes de terror já feitos e todos os louros que ele recebe até hoje são merecidos mesmo. Mas como “O Iluminado” já é um lugar comum em indicações de terror, vou aproveitar a temática “casa assombrada” para sugerir o ótimo e recente O Que Ficou Para Trás.

Junto com “Corra!” e “Nós”, do diretor Jordan Peele, o recém-lançado “A Lenda de Candyman”, da diretora Nia DaCosta, e a série “Lovecraft Country”, da HBO, “O Que Ficou Para Trás” está num movimento, ainda tímido, de novas produções que colocam pessoas e realidades negras dentro do horror, misturando narrativas sobrenaturais com o racismo sofrido no mundo real.

Aqui, acompanhamos um casal de imigrantes que foge da violência do Sudão do Sul, na África, para a Inglaterra como refugiados. Em solo britânico, eles recebem uma casa aos pedaços do Estado num bairro perigosíssimo. Lá, eles sofrem diariamente com o preconceito da vizinhança e de empregados do governo, que acham que o casebre que eles receberam é até “bom demais” para eles.

Como se tudo isso já não fosse assustador o suficiente, o lugar ainda é assombrado por uma figura tribal misteriosa em busca de vingança que está relacionada ao passado do casal. Há uma porrada de cenas angustiantes e takes assustadores (tem um que o cara abaixa para olhar um buraco na parede que quase me matou do coração). Filmaço, que está no catálogo da Netflix. (Alguém me dá um senha da Netflix?)

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9 comentários em “Dreamcatcher – Chase Me | Casa da Árvore dos Horrores #03

  1. O Dreamcatcher é talvez o melhor exemplo de uma discografia consistente: elas conseguem manter a identidade a cada lançamento, mesmo usando referências sonoras diferentes neles. Ainda fico indignado com o público na Coreia do Sul ignorando elas até hoje (sim, elas têm vendas bastante altas pra um girlgroup de agência pequena, mas mesmo assim nunca saíram do status de nugu, nunca ganharam um troféu em music show, e até quando metade do grupo participou do Mix Nine, nenhuma delas aparecia entre as favoritas pra debutar, mesmo com os vocais maravilhosos da Siyeon e da Yoohyeon, o talento da JiU na dança e da Dami no rap – ainda bem que elas foram espertas e pediram pra sair antes do reality do YG se mostrar um barco furado; enquanto ele afundava, elas estavam fazendo turnê)…

    Sobre “Chase Me”, é bem o que você disse: elas pegaram elementos de rock e transformaram num pop-rock bem chiclete e divertido, e funcionou muito bem! O MV também é muito bem-feito, com a história tensa e misteriosa e o final dando o gancho pra continuação em “Good Night” (embora eu confesse que mesmo juntando os acontecimentos dos dois MVs, ainda não faço muita ideia do que aconteceu na história).

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    1. Pelo que eu entendi na época, a história “começa” no MV de “Fly High” (por isso o mini se chama “Prequel”), com elas naquele colégio interno matando a aranha. Aí elas são amaldiçoadas e têm as almas presas. Então, em “Chase Me” mostra o cara indo lá pra investigar e em “Good Night” elas dão conta dele (ou algo assim). @_@

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      1. Esse é outro ponto que eu não entendi: qual o problema delas com o cara? Foi ele que jogou a maldição nelas? Porque na maior parte de “Chase Me” ele parece ser um típico protagonista de filme de terror que entra num lugar assombrado, mas o final desse MV e as cenas do MV de “Good Night” dão a impressão de que ele é o vilão da história.

        Vários MVs do Dreamcatcher deixam as histórias sem resolução, aliás. O meu favorito, “You And I”, tem a Yoohyeon sendo possuída (ironicamente por uma mulher que se transforma em aranha, ironicamente remetendo a “Fly High”), o final dá a entender que a alma dela ficou presa no outro mundo… e fica por isso mesmo; nenhum outro MV que veio depois aborda isso pra gente saber como (ou SE) ela conseguiu escapar (ou se até hoje é a aranha demoníaca que está controlando o corpo dela).

        Talvez eu precise começar a pesquisar as teorias da conspiração do “dreamcatcherverso” – só espero que não precise aprender Teoria das Cordas, Física Quântica ou nada do tipo pra entender a história geral (se é que existe uma; já ouvi dizer que cada “trilogia” de MVs delas forma uma história independente).

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  2. Essas postagens estão perfeitas, eu amei a ideia!
    Sunmi, Red Velvet e agora Dreamcatcher, a ideia foi perfeita. Ainda sobre as meninas do Dreamcatcher, até hoje Fly High é a minha favorita, toda vez que eu escuto vou pra outra dimensão e volto. Chase Me também é ótima, lembro que na primeira vez que eu ouvi fiquei impactada com todo o conceito, algo bem diferente do que eu estava acostumada com o K-Pop.
    Poderia pensar em outras temáticas pra fazer estes posts, aliás, tu tem algum outro blog que fale sobre filmes e tal? Eu adoraria ler.
    ps: Married to the Music vai dar as caras?

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  3. Dreamcatcher foi uma surpresa agradável pra mim, são o tipo de grupo que posso até não ser do fandom e saber escrever com muita certeza os nomes, mas sempre vou ouvir seus lançamentos e álbuns e como observado, nunca deixaram totalmente o rock de lado.
    Lembro quando esse mv foi lançado o burburinho que deu.
    PS. O filme que indicou parece muito bom.

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