Em “Fearless”, LE SSERAFIM debuta servindo PPK como se estivéssemos duas gerações atrás <3 (+"Athletic Girl" do H1-KEY)

Um dos debuts mais aguardados desses últimos tempos era o desse girlgroup chamado LE SSERAFIM. Pois elas preenchem algumas lacunas da “geração 48” que uma galera vinha aguardando. Duas das integrantes, Sakura e Chaewon, venceram o Produce 48 (em #2 e #10 lugar, respectivamente) e fizeram parte do IZ*ONA. Depois que o grupo foi pro saco, Sakura abandonou o HKT48/AKB48 e, junto com a Chaewon, assinou com a HYBE para algum eventual projeto.

E o line-up conta ainda com a Huh Yunjin, que o gosto meu gastou vários parágrafos explicando quem é, que também participou do Produce 48 pela Pledis Entertainment, mas, aparentemente, junto com a Kaeun, foi supostamente boicotada para que a gravadora utilizasse as duas com esses boost de popularidade pra um grupo próprio que nunca veio. Ocorre que, nesse meio tempo, a Pledis foi adquirida pela HYBE, que também adquiriu a Source (do falecido GFRIEND), então transferiu a gatinha de um selo para outro, debutando ela com as colegas de Produce 48 (imagina o climão, hahahaha) e mais umas trainees.

Enfim, postos esses dados de relevância, devo admitir aqui que não estava com tanta expectativa para esse debut, pois imaginei que viria mais um grupo try-hard que eu não teria paciência para acompanhar. Essa geração atual tem coisas legais fazendo músicas legais, mas tudo tem sido tão parecido entre si que são poucos os realmente ótimos dentro dessas limitações aespa/ITZY/variações. Porém, aleatoriamente, o LE SSERAFIM decidiu CAGAR pras modas atuais e ir lá pra segunda geração do K-Pop, servindo BOCETA, PEPECA, XERECA, XOXOTA do início ao fim.

Ouçam Fearless, que já é um dos grandes destaques de 2022 aqui em casa…

Eu estou boquiaberto com isso aqui. Em DOIS MIL E VINTE E DOIS um girlgroup debutando com um FUCKING SEXY CONCEPT? Transgressor pra caralho! Rolam uns pensamentos machistas/conservadores na fanbase de K-Pop hoje em dia (e na música num geral, mas vamos focar nesse recorte do qual fazemos parte) de que mulheres, para serem “agressivas” e respeitáveis, precisam se “masculinizar”. Acho que uma das vozes fortes nesse conceito anos atrás foi o YG, que frequentemente soltava umas declarações de que as idols dele dançavam “que nem homens” ou algo assim.

Não que se masculinizar seja uma coisa ruim. Inclusive, os próprios conceitos do que é masculino e feminino frequentemente vêm sendo revistos pela nossa geração, o que é ótimo! Mas tenho a impressão de que quando falam sobre grupos femininos não irem tanto na feminilidade e na sensualidade, seja por meio das estéticas adotadas por boygroups, seja como rolava lá atrás com o white aegyo infantilizado, é sempre de um modo a minar as estéticas femininas mais adultas/sensuais. Não é a toa que o sexy concept que fazia tanto sucesso com AOA, Sistar, EXID, miss A, Girl’s Day e mais uma galera lá atrás foi ficando cada vez mais escasso.

Então, é impressionante a Source/HYBE ter arriscado assim com o grupo novo e com o maior hype da gravadora em tempos logo no debut. O MV inteiro é focado na sensualidade. Elas literalmente começam no chão jogando a perna pro ar. Há várias passagens sapecas na coreografia, takes feitos pelo puro sexy. Mesmo os visuais delas estão empenhados em explorar o feminino, com vestidos com fenda, tubinhos, cabelos chanel, shortinho atochado enquanto dá uma empinadinha na motoca, os looks fetichistas de gostosas da academia. Tudo isso enquanto elas cantam sobre serem fodonas mesmo e que se fodam os outros. Uau!

Claro que nada disso valeria se a música não fosse igualmente impressionante, e “Fearless”, aos ouvitos, é ainda melhor do que aos olhos. Eu sei que vários de vocês já comentaram que preferiam algo mais explosivo, mas discordo. Acho que, justamente, o fato de “Fearless” ser mais linear, não ter nenhum grande ápice, faz dela diferente. Ela me lembra aquelas misturas de pop com R&B malucas bem características do que o Pharrell (exemplo aqui) produzia. Eram umas faixas que não cresciam de verdade, mas brincavam com os elementos que iam e voltavam ao longo dos versos. Tenho ouvido ela desde que saiu e simplesmente não enjoo. Fiquei inteiramente cativado. Pra mim, já é uma forte candidata ao eventual top 10 lá em dezembro.

Enfim, o LE SSERAFIM serviu tudo o que eu poderia esperar de um debut que eu sequer estava esperando. Sinto nele o mesmo que sinto com Good Girl, Bad Girl, onde as integrantes mostram que podem ser intimidadoras a partir do quão gostosonas e fodonas são. Por mim, tudo ótimo! E o mini também está muito bom. Se eu tivesse tempo, faria até um review.

Btw, um outro girlgroup que debutou recentemente com, basicamente, esse mesmo conceito de gostosonas da academia foi o H1-KEY com a icônica Athletic Girl. Elas acabaram chamando mais atenção pelo fato de uma das integrantes, a tailandesa Sitala, quando mais nova, junto de sua família, ter apoiado protestos que culminaram num golpe militar que a Tailândia sofreu em 2014 (o Dougie explica isso melhor aqui).

Eu não entendo do cenário político tailandês, então não tenho opinião sobre (aliais, acho até que vou parar de dar QUALQUER opinião política em público, porque hoje eu tava chamando o Lula de burro no Twitter por ele ter dado uma opinião menos maniqueísta, e que eu concordo, sobre a guerra da Rússia com a Ucrânia pra revista Time em ano de eleição – o que considero uma burrice, pois isso dá munição pro Bolsonaro – e já fui atacado).

O que finjo que entendo e vocês fingem que acreditam é de música. E ela também foi atacada, porque, aparentemente, passa uma mensagem ruim sobre mulheres precisarem se esforçar na academia para serem gostosas em vez de dizer que todas as mulheres são perfeitas como são. Mas qualquer um com um pouco de tempo pode bolar um texto falando sobre o quão ruim liricamente ela é ou o contrário. Por exemplo: posso dizer que ela passa uma boa mensagem, pois mostra o quão incríveis garotas podem ser caso se esforcem, pois no verso da bridge elas dizem que não se importam com a opinião alheia, que estão sempre tentando se superar para serem a melhor versão que puderem. Viram? É fácil!

O que me importa de verdade é que as melodias nela são ótimas, que o refrão é bem grudento e viciante, e que esse é um bom exemplo daquelas exceções que falei no início do texto onde um grupo consegue fazer o pop try-hard de um jeito muito legal.

11 comentários em “Em “Fearless”, LE SSERAFIM debuta servindo PPK como se estivéssemos duas gerações atrás <3 (+"Athletic Girl" do H1-KEY)

  1. Ainda acho “Le Sserafim” um dos nomes mais feios que já vi pra um girlgroup de k-pop (e olha que nomes feios são o que não falta nesse meio), mas a música é realmente muito boa, e o MV é simples mas bem-feito (e é sempre melhor um MV simples e bem-feito do que uma megaprodução exagerada). E se o bonde da Sakura for capaz de ressuscitar a onda do sexy concept no k-pop, já valeu a existência desse grupo!

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  2. Ah, e nada a ver com “As Sserafinas”, mas você viu o vídeo da Pirralha se filmando comendo doces de Pokémon pra ver se conseguia descolar uma publi… apenas pra Yves confundir um DIGIMON com um pokémon e depois falar que acha Digimon melhor no meio do vídeo?

    Pobre Sapuda; ela tem as ideias pra tirar a BBC da miséria, e as colegas acabam com tudo…

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  3. Resolvi ouvir Fearless por causa dessa review e não me arrependi, não só porque entrega o que nós pretty girls órfãs de AOA precisamos, mas pela originalidade da faixa.

    Eu comecei ouvindo pensando que o refrão ia virar a chave e transformar a música num daqueles bate-estaca insuportáveis, mas aí tive a maior surpresa porque: 1) não era um bate-estaca 2) também não era um antidrop (mantiveram o mesmo tempo dos versos e o mesmo instrumental, o que não caracteriza nem um drop nem um antidrop????) 3) adicionaram a guitarra no começo do refrão acompanhando a batida do baixo, que era igual a do verso inicial, depois mudaram o riff na segunda metade do refrão, adicionando outra “camada” na música

    Isso por si só já me deixou curiosa, continuei ouvindo esperando alguma coisa terrível, tipo um rap break em half tempo (não aconteceu, ufa), ou uma bridge esgoelada (não aconteceu, ufa: aliás, a bridge também manteve o tempo original da faixa, o que é bem raro de se ver por aí). Quando o último refrão veio, eu esperava o famoso beat drop étnico a la YG, e então… O refrão volta com a guitarra da segunda metade logo no início, e quando chegamos na metade de novo, o riff mantém, mas com uma distorção a mais (????), e a faixa ACABA. No seco.

    Ouvi umas 5x e tô tentando digerir ainda e decidir se eu gosto da música ou só de como ela foge do padrão de uma música pop contemporânea.

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  4. Amo que a HYBE arriscou muita coisa nesse debut. Não sei se o MV chega ser um full sexy concept, até porque essas meninas tem rostos muito infantis, mas pelo menos dá uma bela raspada no que o sexy concept foi no k-pop (as aulas de xoxotada no chão da Hyolyn criando uma ótima geração na Coreia). E uma coisa que não vi nenhum comentário em lugar nenhum: Sakurão com pouco tempo de tela nele, mas acho que a empresa quis fazer isso justamente por ela já ser bem conhecida e não gerar inveja por parte das colhegas de grupo, como se não bastasse o belíssimo climão de metade do grupo ter saído do Produce 48. Quanto à música, ela é ótima, inclusive dá uma bela chupada em Famous, do Taemin, que não vi NINGUÉM da blogosfera comentar sobre a delícia na época de seu lançamento:

    Foi passando Famous quase que inteira na minha cabeça conforme essa Fearless rolava, e foi um ótimo resgate de sample da HYBE, então parabains a todo mundo envolvido nesse debut!

    No caso de H1-KEY, vou copiar e colar o que eu comentei no blog do Dougie:

    1 – Instrumental trap à la Blackpink? Dispenso

    2 – Sheena Ringo deve estar morrendo de orgulho da tailandesa

    3 – Se a intenção era fazer a linha “gatinha de academia”, deveriam ter mirado nisso aqui:

    4 – Se quiserem usar o gostosa Merdominion concept mais pra frente, devem mirar nas delícias abaixo:

    (o último é piada, mas foquem na coreô do boquetão feroz)

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  5. único defeito do le sserafim é não ter deixado as crianças em casa e debutado como um quarteto só com as grandes gostosas.mesmo e servido xana sem censura. a coreografia teve que ser mudada para as apresentações ao vivo porque, afinal, a eunchae mal saiu das fraldas. orando para as empresas de kpop lembrarem que dá pra ter um grupo todo com mulheres adultas kkkkkkkkk mas eu achei a música sem graça nas primeiras ouvidas e agora já amo. e o h1-key chutou a sitala, espero que seja a única mudança no grupo porque também gostei desse conceito tosco de somos gostosas e vamos pra academia lkkkkkk

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