A essa altura do campeonato, vocês já devem saber que eu tenho um fator biased alto por esse grupo japonês de música eletrônica chamado Wednesday Campanella. Já falei deles algumas vezes por aqui, já coloquei músicas deles em posições bem altas nos meus tops de melhores do ano (pegaram inclusive em #1 em 2016 com Alladin).
O que mais me agrada no vasto catálogo do Wednesday Campanella é quando eles se jogam com força nos elementos mais pops da música eletrônica, e aí entregam uns bops que a gente percebe que são um tiquinho mais elaborados e pesados que o geral de acts radiofônicos, mas ainda assim muito chicletes, dançantes e por aí vai.
Esse ano, eles soltaram um álbum recheado de jams assim. E, mais recentemente, rolou também um single no qual me viciei tanto quanto as melhores do LP e, de novo, será um que deve figurar bem alto no listão de melhores do ano. Já tinha mencionado ele numa raspa no tacho, mas ouçam abaixo Tinker Bell e se preparem para parágrafos e parágrafos do oppa rasgando seda para essa maravilha…
Outro fato que já é de conhecimento público neste blog é que house é a minha kryptonita. E quanto mais sujo, suado e closeiro melhor. Tem algo apetitoso demais no house como um “conceito” LGBTQI+. Isso vem da cultura ballroom, onde são usados batidões mais graves, junto de uma texturas mais coloridas atrás, acompanhados de letras propositalmente arrogantes e sapecas (já que são usados em contextos onde os participantes se vendem como os mais fodões possíveis).
E o Wednesday Campanella soube trabalhar isso de maneira excelente aqui. Usar a figura da Sininho como um sinônimo de mina fodona é tão inesperado que funciona demais. Sininho é uma fada, ela joga seu pó de pirlimpimpim no ar e faz aqueles que acreditam nisso voarem, ela realiza desejos, tem uma casa de praia, tem grana. Na bridge maluca e robótica, até meio fantasmagórica, a ❤ Utaha-chan ❤ fica repetindo que é melhor a gente pensar duas vezes antes de mexer com a Sininho, porque o Peter Pan e o Capitão Gancho estão do lado dela.
É uma ideia maluca demais, mas que cola, pois como é colocado num housezão noventista safado, puxa da cultura ballroom, puxa do quão fierce, sassy e etc. as coisas dentro desse contexto podem ser. E aí, temos uma música espetacular. “Tinker Bell” é um desses pancadões que vão num nível acima do habitual, onde todos os elementos (instrumental, melodia, referências, letra, clipe) são deliciosos demais e é ainda outro clássico dentro do catálogo do Wednesday Campanella. Pra mim, um dos melhores jotapopes desse ano.