Off topic: Os melhores filmes de… 2021! (yup, com um ano de atraso)

É costume aqui no blog, na semana que precede o natal, eu soltar uns posts especiais listando trecos como as músicas que ficaram de fora do meu top 100, as piores músicas do ano, melhores músicas do pop ocidental e melhores músicas de outros anos que eu só viciei nesse. Mas 2022 foi um ano, huh, “atípico” e eu não tenho muito o que comentar de nada disso aí não.

Só tiveram umas duas ou três músicas que fiquei meio “nhé” de não colocar no top 100, então nem enche um post inteiro. Eu não consigo pensar em coisa ruim o suficiente pra fazer um listão de piores do ano (NMIXX? ITZY? BLACKPINK? Dessa vez, caguei). Ouvi pouquíssimas coisas do pop ocidental esse ano (eu colocaria umas sete faixas do Renaissance, junto com Tití Me Preguntó, Saoko e essa aqui da Tinashe). E acho que, fora Door, não teve nada do asian pop de outros anos que eu me viciei tardiamente.

Posto isso, resolvi resgatar aquilo off topic que eu fazia antes de esfregar na cara de vocês o quanto sou um cinéfilo incrível e absurdamente entendido desse meio (hahaha), e montar uma lista com os melhores filmes que assisti esse ano. Aí, fui olhar no histórico do blog e vi que eu já tenho duas listas do tipo. Uma de 2018, que é recuperada lá do falecido, e outra de 2019, que realmente foi um ano excelente (mas deixei “Jojo Rabbit” de fora, porque ainda não tinha assistido à época, culpa das distribuidoras brasileiras que só deixam esses filmes “de arte” pra época do Oscar).

Meu TOC não me deixa pular de 2019 direto pra 2022. A lista de 2020 eu vou ignorar, pois 2020, basicamente, não teve cinema, já que tudo fechou por causa da COVID e os estúdios guardaram os lançamentos para a segunda metade do ano passado. Mas assistam a Shiva Baby, Another Round e Summer of 85, meus três prediletos no mar de nada que foi essa temporada, e fujam de “Tenet”, “Promising Young Woman” e “Mainstream”, que são ofensivos de tão ruins.

Mas a de 2021 eu animei de fazer aqui. Porque em 2021 as pessoas começaram a se vacinar, as coisas começaram a engatinhar ao normal e, em reflexo, os filmes realmente legais que deveriam sair antes começaram a ver a luz do dia nas telonas e telinhas. Segundo meu Letterboxd, vi um pouco mais de setenta desse ano. Alguns cresceram com o tempo. E outros, que tiveram bastante hype por conta das premiações, como “The Power of the Dog”, “Drive My Car” e “The French Dispatch”, meio que já se apagaram da minha cabeça.

Ah, pau no cu de “CODA” e “Titane”. Vamos lá…

10. A MÃO DE DEUS

(È stata la mano di Dio, Paolo Sorrentino)

Por algum motivo qualquer, virou moda recentemente uma porção de diretores fazerem filmes mais ou menos autobiográficos. Saíram vários de uns anos pra cá, tão legais quanto “Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades”, do Iñárritu, e “Os Fabelmans”, do Steven Spielberg, ou chatíssimos, como “Belfast”, do Kenneth Branagh. Spielberg que me perdoe, mas o melhor, pra mim, ainda é “A Mão de Deus”, do Sorrentino. A coming of age ceremony dele não envolve cortar o dedo numa máquina de costura e influenciar todo o sexy concept do K-Pop, mas rendeu uma história super bonita e relacionável de começar a encontrar seu lugar no mundo enquanto coisas boas e ruins acontecem ao redor. E isso tudo com um verão na Nápoles dos anos 80 como pano de fundo.

09. DIRETAMENTE DE LUGAR NENHUM: SCOOBY-DOO! ENCONTRA CORAGEM

(Straight Outta Nowhere: Scooby-Doo! Meets Courage the Cowardly Dog, Cecilia Aranovich)

Eu sei que indicar um filme animado crossover entre Scooby-Doo e Coragem, o Cão Covarde, pode ser um tiro no pé em credibilidade, mas dentre os sei lá quantos filmes de Scooby-Doo que saíram direto para VOD nos últimos anos, esse aqui consegue caprichar um tiquinho mais no lado “artístico” da coisa. No plot, por motivos de plot, os elencos dos dois desenhos se encontram, e isso é o engate para os animadores se divertirem ao prestar uma porção de homenagens aos estilos bem variados de traço e animação que a Cartoon Network trabalhou ao longo dos anos. É um deslumbre visual acompanhado de uma história bem bonita sobre o Coragem, como de praxe, enfrentando seus medos em prol de um bem maior.

08. SEMPRE EM FRENTE

(C’mon C’mon, Mike Mills)

Ah, um filme em preto e branco da A24, hehe. Esse pode ser um tema meio bobinho prum enredo, mas o Mike Mills (que também fez o legalzinho “20th Century Women”, de 2016) entregou um longa bem bonito sobre a relação de um tio com seu sobrinho pentelho. O Joaquim Phoenix interpreta um jornalista que está coletando depoimentos de crianças em diferentes cidades sobre seus desejos para o futuro. Quando ele precisa levar seu sobrinho em uma das viagens, os dois constroem um vínculo que pode ajudar a ressignificar o que família significa para ambos. A fotografia pb é linda, e o modo como o filme é montado utilizando as gravações dele é bem legal. Talvez ele pareça meio pedante quando visto de fora, mas é um entretenimento bem legal.

07. LICORICE PIZZA

(Paul Thomas Anderson)

O Paul Thomas Anderson é um cineasta incrível e que já dirigiu obras tão impecáveis quanto diferentes entre si. E “Licorice Pizza” talvez seja a mais, na falta de uma definição melhor, “leve” dele, de modo que é um bom ponto de partida para quem quiser começar a se aventurar pelo catálogo construído por ele. Na história, que se passa em Los Angeles na década de 1970, um moleque de 15 anos se apaixona por uma garota de 25 (interpretada pela Alana, do Haim). Não rola nada, mas a dupla constrói uma amizade divertida de acompanhar, com passagens que exploram aquele cenário recheado de intrigas políticas, paisagens icônicas e todo um submundo de celebridades da época que acaba influenciando nas aventuras dos dois. Filmaço que dá vontade de repetir várias vezes.

06. O ESQUADRÃO SUICIDA

(The Suicide Squad, James Gunn)

Risos gostosos com eu colocando um filme da DC na frente de um do PTA, minha carteirinha de cinéfilo será confiscada em breve. Mas esse “Esquadrão Suicida” do James Gunn é uma pérola do entretenimento, não tem como negar. O primeiro filme é um cocô, que consegue errar em absolutamente tudo, seja no clima sombrio-porém-comédia que tentaram impor, seja nas coisas mais básicas de um filme, como… um roteiro que faça sentido. Aqui, todos os problemas são jogados pro alto e recebemos o que deve ser o melhor filme da DC em muito tempo. História simples e amarradinha, personagens legais e um sem número de sequências de ação que ficam na cabeça (a porradaria da Arlequina na casa do traficante lá, aquele quando eles chegam no acampamento e matam sem saber os próprios aliados, a abertura com a chacina na praia, dentre outras). E ainda rola um vilão kaijuu no final!

05. OLD HENRY

(Potsy Ponciroli)

Esse aqui também é muito bom. E ideal pra quem gosta ou tem curiosidade em filmes setentistas mais sujões. Um fazendeiro viúvo e seu filho salvam um cara ferido na casa deles, mas descobrem depois que ele está sendo perseguido por caras que alegam ser agentes da lei. Esse parece ser o grande mistério da trama, mas calha de ainda ter bem mais coisa envolvendo, inclusive, o fazendeiro. O diretor filma isso aqui como se, de fato, estivesse no passado, colocando uns tons mais desgastados na fotografia. Tem uma cena de tiroteio é que tensa demais. Um dos negócios mais bonitos de ver desse ano.

04. SUMMER OF SOUL (…OU, QUANDO A REVOLUÇÃO NÃO PÔDE SER TELEVISIONADA)

(Summer of Soul… or, When the Revolution Could Not Be Televised, Questlove)

Huh, eu até hoje tenho uma raiva imensa do Will Smith por aquele papelão no Oscar que eclipsou o momento em que “Summer of Soul” receberia a estatueta. Esses atores mimados de Hollywood, urgh! Esse documentário aqui é legal demais. E não só legal para alguém como eu, que gosto muito de documentários, mas também para o público que não costuma ir atrás desse tipo de produção. Ele resgata as filmagens do Harlem Cultural Festival, de 1969, que havia sido gravado e tido uns trechos seus transmitidos na TV, mas ficou guardado em um porão durante anos, pois, aparentemente, um festival com artistas negros no mesmo ano do Woodstock não gerou interesse o suficiente para circular com maior empenho (enquanto o Woodstock se tornou o fenômeno cultural que sabemos que é). É um filme ótimo, que junta depoimentos dos artistas que participaram no line-up com as apresentações principais do palco.

03. SPENCER

(Pablo Larraín)

Uma coisa que me deixa louco com “Spencer” é o tom de filme de terror que o diretor Pablo Larraín deu a ele. Ele monta uma atmosfera visual e sonora extremamente opressora a partir dos cenários gigantescos, da “penumbra” da fotografia, dos figurinos e elementos de cena deslumbrantes e da trilha sonora esquisita. A história toda da Lady Di nas férias de fim de ano com a família real fica parecendo um conto de fadas soturno em que não sabemos se o que ocorre é real ou loucura da cabeça dela. É angustiante de assistir. E espetacular. Aí o Oscar ignorou em quase todas as categorias.

02. O CHEF

(Boiling Point, Philip Barantini)

Outro filme que não é de terror, mas parece ser. Dessa vez, no entanto, retratando um cenário ainda mais assustador que a família real britânica: uma noite de casa cheia numa cozinha profissional. Já passei por isso, sei como é bizarro. É uma panela de pressão: o clima entre a equipe está tenso, um dos caras responsável pela louça trata o trabalho como piada, a vida privada do chef está uma confusão, a sous chef já está de saco cheio da dona do lugar se preocupando mais com redes sociais que com o serviço, um ex-companheiro de trabalho do chef resolveu levar uma crítica culinária e fazer campanha contra uma nota boa, uma das clientes tem alergias, outro cliente é racista. As coisas escalam para uma confusão generalizada e o resultado é surpreendente. E ainda mais surpreendente é descobrir que o filme todo foi filmado num take só, sem cortes. Contudo, nenhum consegue impressionar mais do que esse aqui…

01. O CAVALEIRO VERDE

(The Green Knight, David Lowery)

Isso aqui é um neoclássico do cinema de fantasia. As batidas das novelas de cavalaria estão lá, com um cavaleiro entrando solitário numa aventura e aprendendo lições ao longo dela, mas rolam umas viradas para a escrotidão em certas partes que deixam tudo bem mais espetacular. Tudo começa quando o tal cavaleiro verde, uma criatura feita de madeira, invade um jantar do rei Arthur e propõe um jogo: qualquer guerreiro ali pode atacá-lo da forma que quiser e ele não irá revidar. Contudo, um ano após aquela noite, esse mesmo guerreiro precisará deixar que o monstro o fira no mesmo lugar. Nessa, o filho da bruxa Morgana, sobrinho do rei, aceita o jogo. E quando esse um ano passa, ele precisa encontrar a besta para que o trato tenha um fim. Os resultados podem variar ao final e tomar um rumo ainda mais sombrio que o esperado. Uma obra-prima arrepiante e cheia de takes que tiram o fôlego.

Digam seus favoritos também!

Logo logo solto a de 2022.

6 comentários em “Off topic: Os melhores filmes de… 2021! (yup, com um ano de atraso)

  1. li tudo pensando “lunei eu vejo vc como um pai…..”
    meu 2021 foi tão horrível que o único filme que eu lembro de ter assistido foi eternos (2022 eu lembro melhor), então vou compartilhar o fato do meu namorado ter dado 4 estrelas e meia pra coda

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  2. Primeiro de tudo, Tenet é muito bom.
    Segundo, eu vi esse cavaleiro verde e dormi em duas das três vezes que tentei ver o filme.
    O resto nao sou capaz de opinar porque nao vi. É isso.

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