Qual a melhor música da Madonna?
Escolha impossível. Eu nem tento.
Há artistas que conseguem construir um repertório ao mesmo tempo vasto e excelente. Madonna é uma. Tipo Prince, tipo Bowie, Tina, Beyoncé, Kylie, Stevie, Utada, Koda, Sheena. É muito tempo, fazendo muitas músicas, muito boas. Vai da época que estamos vivendo, de por onde começamos a ouvir, etc.
Mas há, pelo menos, duas faixas que ocupam um patamar ligeiramente mais alto que as melhores da Madonna na minha cabeça. E as duas, coincidentemente, representam duas eras bem distintas dela. Uma mais antiga eu vou deixar pra outro dia, e vou começar com essa aqui:
Em 1999, a Madonna vivia ainda outro de seus auges artísticos. Após chocar os Estados Unidos sendo a madrinha das mulheres, da comunidade LGBT+, e de basicamente todo mundo que pratica coito e não enche o saco dos outros através dos álbuns “Erotica” e “Bedtime Stories”, ela resolveu se jogar de vez em sonoridades que ela já vinha experimentando antes.
Eram os anos 90 e o “pop psicodélico” seguia em alta, onde artistas misturavam texturas mais viajadas em faixas genuinamente radiofônicas. A primeira dela que me aparece na cabeça nessa linha é Bedtime Story, do “Bedtime Stories”. E outras vieram depois. Mas Madonna parece ter querido bolar um LP inteiro nessa linha. Daí, veio sua parceria com o produtor britânico William Orbit, com o qual ela soltou, em 1998, o aclamado (pela crítica, pelo Grammy, pelo público) álbum “Ray of Light”.
Madonna e Orbit recebendo o Grammy de melhor álbum pop…
O “Ray of Light” ilustra com perfeição essa persona artística da Madonna nos anos finais da década de 90. E meio que é uma cápsula do tempo para como era uma parte do pop mainstream daquela época. E aí, é meio… engraçado como, daí em diante, a Madonna meio que seguiu em frente dessa mesma estética e desse mesmo produtor com uma assinatura sonora mais forte em seus trabalhos seguintes (a onda de bons álbuns seguidos meio que morre aí, mas não vou entrar nisso).
Nessa, uma das últimas produções da Madonna com o William Orbit foi Beautiful Stranger. Ela foi gravada e lançada em 1999, e serviu como tema para o ICÔNICO filme “Austin Powers: O Agente Bond Cama”. É tipo uma continuação do que ouvimos no “Ray of Light”, mas com um tom de sacanagem sonora que tornam as coisas ainda melhores.
A psicodelia está toda lá, com uns trocentos elementos atrás do instrumental. E a perfeição pop maravilhosa da melodia, da letra, com um refrão explosivo, versos fortes e uma bridge sensacional, também. Além da Madonna colocar uma interpretação vocal mais hipnótica, o que dá a impressão de estarmos sendo arrastados pro fundo do oceano pelo canto de uma sereia.
Mas “Beautiful Stranger” é SAPECA. O William e ela entenderam perfeitamente o tipo de filme que Austin Powers seria e adicionaram ao pacote todo um tom de paródia que cola muito bem. Eu sou apaixonado por cada elemento, cada segundo dessa música. E pelo clipe, que é uma palhaçada sexy envolvente demais.
A Madonna estava no auge de sua gostosura aqui. O trechinho mais pro final, com ela terminando o último refrão, aí vem a flautinha pirada atrás, e então a câmera fecha na Madonna, olhando direto pra nossa alma, virando a cabeça, aí o cabelo fica preso na boca… arte. Pra mim, um dos trechos mais eróticos da década.
CARALHO MADONNA
More and More…
Como eu coloquei o “Ray of Light” inteiro aqui no post, vou indicar então as outras duas músicas que a Madonna trabalhou com o William Orbit além de “Beautiful Stranger” no álbum seguinte, “Music”.
Tanto “Runaway Lover” quanto “Amazing” seguem esse estilo psicodélico, onde o instrumental atrás ostenta vários elementos estranhos, enquanto a parte da frente da música está mais preocupada em construir melodias cativantes que não saiam da cabeça. Se curtiram “Beautiful Stranger” e o “Ray of Light”, vão curtir essas também.
Miojo Pop 
Eu amo essa da Madonna tbm ❤ e fiquei anos procurando o nome, descobri ano passado e desde então tá sempre na minha playlist. Me sinto com o astral lá em cima.
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