Guarnições: Seola, “No Girl” e “Let’s Talk (Loneliness)”

“Guarnições” é um termo almofadinha da gastronomia para os famigerados e adoráveis acompanhamentos dos pratos: não são o principal do consumo, não é por eles que o dinheiro é colocado, mas caso bem montados, acabam fazendo toda a diferença na degustação final. No mundo do asian pop, isso se reflete nas album tracks e b-sides de lançamentos.

Nessa coluna, a proposta é, sem muito critério além de “eu gostar”, panfletar algumas dessas faixas que não foram trabalhadas como single ou title, mas que seguem valendo a audição conforme os anos foram passando.

Eu meio que caguei pros lançamentos do K-Pop que rolaram essa semana (Kep1er foi o melhor, então vejam o nível), então sigamos naquilo de comentar os trecos excelentes que saíram enquanto eu estava me dedicando aos estudos. No caso, essas duas faixas do ótimo mini da Seola, que calharam de me chamar mais atenção até que o single maravilhoso lá.

Tem uma categoria na minha cabeça que é “músicas que fazem eu me sentir a Morphine Love Dion”, no sentido de músicas que são tão bucetônicas que automaticamente fazem minha bunda ficar gigante e eu apertar os beiços sem muitas explicações. No Girl, embora essa não pareça ser a ideia.

A letra é um tipo de confissão mais passional sobre um relacionamento que deu errado, com a Seola admitindo que faz merda e é meio ablubleblé da cabeça no modo como se comporta, mas que ainda assim precisa da outra pessoa e é isso. É uma mensagem bem melancólica, pois alguém saber que é o errado, dizer que não vai mudar e ainda assim querer alguém de volta nunca é realmente bacana, mas, HEY, músicas estão aí para descrever quaisquer tipos de sentimentalismos, não?

O lance é que tudo em “No Girl” é feito de um jeito TÃO SEXY que fica icônico demais, como se a Seola encarnasse a figura de uma sereia que quer atrair o indivíduo pra morte (no caso, praquele relacionamento ruim que ele já tinha se livrado). O modo como ela canta, os “no no no noooo” sussurrados, a guitarrinha ali atrás, as melodias, aaarrrgh, é SAPECA demais. Nem sei se foi proposital, mas deu uma virada de mesa na letra.

Já Let’s Talk (Loneliness) talvez seja ainda mais surpreendente e esperta em tudo o que a forma. A letra também é melancólica, e do jeito que a música começa, com o instrumental puxando mais para aquele pop/rock da Alanis Morissette nos anos 90, parece querer levar a gente prum lado mais triste e soturno, que fica ainda mais evidente no pré-refrão, com a voz de backing vocal atrás dizendo que “sopra essa tristeza no ar”.

Mas aí no segundo final antes do refrão, *BOOOOOM*, entram aquelas batidinhas do house, e tudo começa a ficar dançante e cintilante, mesmo que a letra não diga isso. E aí, a música inteira fica agridoce, pois nos dá vontade de sair fazendo uns vogues ao mesmo tempo em que abrimos o berreiro.

“Let’s Talk (Loneliness)” é uma das músicas mais esquisitas desse ano até então. E junto de “No Girl” ela coloca a Seola como a responsável pelas album tracks que mais têm feito a minha cabeça nesse primeiro semestre do asian pop. Entre as meninas do WJSN, ela nunca foi das que mais me chamavam atenção, o que aumenta a surpresa com essas e com Without You, que é uma title muito legal também.