Time machine: Quando a Tiffany só quis dançar em “I Just Wanna Dance” (2016)

Hoje, 28 de junho, é comemorado internacionalmente o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Viva à nós da sigla, que frequentemente temos nossas vidas atrapalhadas por pessoas de péssima índole, mas calhamos de dar nossos pulos para sermos felizes e nos divertirmos assim mesmo. O mundo evolui, a história anda, e tenho pra mim que, por conta da baixa vontade que a geração mais nova à minha tem de fazer sexo, eventualmente esse povo deixará de se reproduzir e enfim viveremos na ditadura gay.

Bobagens à parte, eu não poderia deixar a data passar em branco. Mas resolvi fazer isso celebrando aqui uma música fora do usual quando pensamos em “hinos gls do asian pop”. Voltemos então para 2016, quando a SM Entertainment resolveu começar a abrir a carteira para atirar pra todo lado com suas gatinhas de girlgroups e ver quem vingaria (só a Taeyeon), com a ICÔNICA Tiffany encarnando Carly Rae Jenpsen na GLORIOSA I Just Wanna Dance. O que isso tem a ver com o dia de hoje? Explicarei…

“I Just Wanna Dance” é uma música linda do que foi um recomeço de onda retrô oitentista no K-Pop na década passada. Um ano antes, o Wonder Girls havia lançado o Reboot, com o J. Y. Park e as quatro gostosas (inclusive a Lim) recuperando elementos do synthpop de trinta e tantos anos antes numa produção atual. Na esteira disso, outros acts de outras gravadoras seguiram a linha, numa crescente que, hoje, as pessoas já nem acham mais que é retrô, e sim característica ao K-Pop.

Uma das primeiras foi a Tiffany, em sua title de debut. Essa é uma faixa que considero extremamente bonita, envolvente, daquelas que afetam em diferentes eixos. Ao mesmo tempo que ela impõe uma vontade louca de dançar pela casa, de deixar a felicidade sair ao longo de um pouco mais de três minutos, rola também uma melancolia na produção, no jeito que a Tiffany canta, em alguns sintetizadores mais graves ali, nas melodias. Ela desperta reflexão, um tiquinho de tristeza até.

Eu sou apaixonado por várias partes nela. O finalzinho do refrão, com a pausa em “I just wanna… Dance!!! The night away!”, é uma graça e me serve o drama necessário para esse tipo de número oitentista. A bridge também é coisa de louco, com a Tiffany entregando no delivery vocal o tanto de sentimentalismo que a letra pede em tal momento.

O que liga “I Just Wanna Dance” com o dia de hoje é, justamente, a letra. Não sei se maneira proposital do letrista coreano que adaptou a demo (um tal de Hwang Hyun), mas ela me funciona como um hino acidental sobre a liberdade que todos pertencentes à sigla buscam em suas vidas.

Ela começa falando sobre a chuva ter terminado, e agora as luzes da noite se refletirem nas poças d’água, o que transforma a cidade num palco, numa pista de dança, que dá vontade dela sair dançando por aí. Então, ela só quer dançar a noite toda, ser feliz, ficar alta em vez de passar tristeza em casa, e que agora está tudo bem.

A parte mais bonita é na bridge, onde o eu lírico diz que se escondia em máscaras até então, mas que agora quer ser ele mesmo. E o refrão final então muda, falando que a cidade agora faz uma nova batida, que ela se apaixona mais e, enfim, se sente ela mesma.

Não há qualquer fala oficial sobre isso aqui ser oficialmente uma música para a comunidade (o cenário do K-Pop em 2016 era bem diferente do atual, pensem nisso), mas eu gosto de como alguns indícios estão em todo o pacote. Não só na letra, que eu descrevi, mas também na maneira como o MV utiliza as cores rosa e azul (a junção delas no roxo é o que faz a bandeira bissexual), de como a fotografia vai de preto e branco pro extremamente colorido quando a faixa começa, e depois volta pro preto e branco quando a Tiffany acorda de seu sonho, e por aí vai.

Nessa, “I Just Wanna Dance”, pra mim, se tornou uma música tema para o dia de hoje. Ela descreve um cenário de liberdade, desprendimento, diversão e respeito que desejo para todos nós. É um momento onde a arte parece ter sido utilizada com sutileza para passar uma mensagem, que durou até os dias de hoje. Anos depois, a Tiffany homenageou a cultura ballroom em Run For You Life, então não duvido nada de que, desde lá, ela já fosse aliada mesmo, só que passando o que queria dizer do jeito que dava pro momento.

Feliz dia do orgulho! Amanhã, comemoraremos o orgulho hétero, aí farei um post com uma música do BIGBANG!

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2 comentários em “Time machine: Quando a Tiffany só quis dançar em “I Just Wanna Dance” (2016)

  1. Lunei resignificando a música que pra mim era um show de hipocrisia porque de longe a Tiffany é a pior dançarina do snsd junto com a Jessica quando resolveu ser preguiçosa, mas adoro essa música.

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