MYERA, HANA e BananaLemon lançam mais três “capopes do Japão” com “Data Baby”, “My Body” e “We Outside”

Tem sido interessante, ao longo desse ano, acompanhar o tanto de grupos de fora do K-Pop que têm apostado em sonoridades e estéticas que se assemelham bastante ao K-Pop para, possivelmente, pegar essa fatia de público ali na Ásia e conseguir uma atenção internacional. Cenas têm se formado na Tailândia (que agora tem até um “Music Bank” próprio, risos), das Filipinas e na Indonésia. No Japão, o XG deve ser o mais bem sucedido, seguido pelo ME:I (da franquia Produce 101) e, vá lá, pelo NiziU da JYP.

Esses dias, mais três grupos, em diferentes níveis de relevância, fizeram comebacks nesse estilo “vamos imitar o K-Pop e ver o que dá”, o MYERA, o HANA e o BananaLemon. Os três estão ótimos. Comecemos por Data Baby…

Já falei delas aqui antes, mas acho que agora sim vale uma introdução melhor. O MYERA é um grupo japonês que debutou no comecinho desse ano, com duas integrantes que participaram do Produce 101 japonês (que formou o ME:I), uma que participou do R U NEXT? (que formou o ILLIT, top 3 grupos prediletos da Senhora Taeyeon, atrás apenas de Twice e LE SSERAFIM) e mais duas gatinhas aí. “Data Baby” é o terceiro lançamento delas até então e finalmente acho que elas conseguiram soltar algo que me empolgou de verdade.

A partir do momento em que a Charli XCX lançou o “BRAT” no ano passado, toda vez em que algum artistas, do ocidente ou da Ásia, soltava algum EDM mais pesado, eu via a galera comparando e dizendo que ela já estava influenciando a cena toda a imitar ela (um podcast de hipsters que eu sigo disse isso do álbum do Rahim Redcar que saiu meses depois do “BRAT” e eu fiquei “bichas, se acalmem…”). Mas acho que agora, sim, uma porção de músicas brat-coded brotarão por onde menos esperarmos (HUAHUAHUAHUA, WTF), porque agora sim deu tempo de produzirem essas faixas tendo isso em mente.

Caso de “Data Baby”, que me soa não só bem bratty, mas também bem aespa em “Whiplash”. A música toda é um conjunto de sintetizadores pesadões, bem clubbers noventistas, cujo intuito é nos colocar para dançar, sem quaisquer pretensões a mais do que isso. É um pancadão safadíssimo que fica uma delícia ouvindo em fones de ouvido apropriados, com os graves batendo gostoso e fazendo com que a gente se sinta numa boate alemã clandestina ou algo assim.

As meninas todas (inclusive a Soyeon delas) mandam muito bem, o clipe disfarça legal a falta de orçamento com takes que parecem bem mais “artísticos” do que são, os visuais estão legais. Enfim, uma delícia de comeback pro MYERA, que eu considerarei como o debut oficial delas daqui em diante.

Essas aqui são bem mais famosas por lá que o MYERA, mas comigo são o mesmo caso de grupo que, até então, não tinha empolgado tanto, e agora enfim clicou aqui em casa. O HANA é um girlgroup formado através do reality show No No Girls, encabeçado pela Chanmina, que tinha como intuito dar uma chance para garotas que, por algum motivo, já haviam sido rejeitadas na indústria idol lá no Japão. Do início do ano pra cá elas já soltaram alguns singles, mas My Body foi o que realmente me chamou atenção agora.

“My Body” é produção e composição da própria Chanmina, com participação do GRAY (lembram dele?), e uma grande parte do charme nela é emular aquele R&B/pop americano do começo dos anos 2000, mas de uma maneira mais ensolarada e vibrante de ouvir. A letra é extremamente sexy, com elas dizendo que o corpinho delas é delas e não do interlocutor que está dando em cima delas.

Achei isso aqui bem, huh, rico liricamente, porque a música pode ser levada por duas interpretações. Pode ser com elas fazendo doce, tentando seduzir, atiçar quem quer que esteja nesse flerte mútuo. Ou pode ser uma música de “não é não” mesmo, numa mensagem mais empoderada, sobre elas serem gostosas mesmo e que isso não dá direito a se apoderarem delas. Achei a música maravilhosa, as integrantes incríveis também, e o vídeo uma graça. Se o HANA é a Chanmina realizando sua fantasia de ter um girlgroup (de K-Pop, só que no J-Pop), eu fico pensando em como seria bom se ela realmente debutasse com outras três minas em algum momento só pelo lulz.

Por fim, temos We Outside, do BananaLemon. Essas aqui já são velhas de guerra: debutaram em 2018 e já tiveram algumas formações diferentes, com uma das meninas do quarteto inicial pulando fora logo, aí a que entrou para substituir ela saindo em 2021. E como o MYERA e o HANA, nesse tempo todo ainda não tinha tido nada delas que me impressionasse de verdade, que fizesse querer ouvir mais de uma vez. Finalmente esse dia chegou.

Sonoramente, esperem uma mistura do mesmo R&B 2000s já mencionado, mas com alguns elementos de miami bass que tornam ela ainda mais dançante. A letra é bem divertida, com elas falando sobre sair e se divertir, mencionando harajuku, Muni Long, samurais e outras bobagens adoráveis. A vontade que dá realmente é sair e dançar com elas. Se fosse em coreano ou inglês, daria pra imaginar até os fanchants nos Raul Gils da vida.

Por mim, que continue essa mania aí de grupos japoneses emulando o K-Pop, pois ainda está pouco. De qualquer forma, a cena fonográfica nipônica é tão ENORME que sequer tem chance de isso se sobrepor ao J-Pop idol com cara de japonês mesmo, então que continuem ambos.