Time Machine: No fim, o GOT7 nunca conseguiu superar “If You Do” (2015)

GOT7 está morto. Passou dessa para a melhor. Os caras todos se recusaram a renovar contrato com a JYP Entertainment. E uns deles até já arrumaram suas trouxinhas e foram bater em outras empresas para tentarem a vida como atores e cantores solistas. Rolou até unfollow nas redes sociais. Não tem mais volta, lidem com isso, fãs.

De minha parte, esse fim deixa um gosto ruim na boca. Não por eu me afeiçoar aos integrantes (não sei o nome de nenhum deles), nem mesmo por achar que a gravadora não os divulgava corretamente (na real, eles tinham várias promoções por ano na Coreia e no Japão, investimento não faltou, só que ninguém se importava mesmo). Sim por sempre achar que o GOT7, por uma série de motivos, nunca conseguiu ser o boygroup de alta qualidade que seus primeiros releases prometiam que eles seriam.

Mas antes, ouçam minha predileta do catálogo deles, If You Do

Pra mim, essa é, de longe, a melhor faixa de um boygroup vindo da JYP em todos os tempos (levando em conta que o DAY6 é uma bandinha de garagem, então “I Wait” não entra nessa conta). Composta pelo Black Eyed Pilseung, “If You Do” é como um recorte de época.

Vale lembrar que 2015 foi um ano curioso, decisivo e bastante estudável do K-Pop. Eu o considero como o momento final daquele período onde ele ainda era um nicho entre pessoas que curtiam a cultura pop asiática, com o BTS estourando globalmente com “I Need U” e, nessa, ocorrendo uma transição para o público adolescente geral. Nessa, os acts por lá começaram a ficar cada vez mais visados e, consequentemente, começaram, de maneira lenta, a adaptar suas sonoridades para que fizessem sentido dentro do que era esperável no imaginário desse novo público – antes, ocorria uma variedade maior em estilos e conceitos, de modo que as empresas “atiravam para todos os lados” e músicas mais diferenciadas entre si viam a luz do dia.

“Just Right”, outro megajam deles, também saiu nesse ano…

O GOT7 nos serve muito para ilustrar essa transição. “If You Do” é a coming of age ceremony do grupo, com eles deixando os números de hip hop clássicos vibrantes de lado para apostar num eurodance soturno sweetunesco delicioso de ouvir, com uma letra confessional cheia de momentos gancho chicletes que ficam na cabeça, que eles conseguem elevar ainda mais com as interpretações vocais passionais que colocam por cima, com o overacting tosco do MV e tudo mais. O refrão é excepcional, as partes de rap também são muito bacanas. E ainda rola uma inserção feminina (que eu tenho quase certeza que é a Jamie) super agressiva, dizendo que “É PROBLEMA SEU SE VOCÊ QUER TERMINAR, EU NÃO LIGO, FAZ O QUE VOCÊ QUISER, NÃO FAZ A MENOR DIFERENÇA PRA MIM, TO INDO DORMIR, BABACA” que torna toda a letra dor de corno ainda mais saborosa.

Fosse anos antes, esse seria um caminho que o grupo seguiria por mais um bom tempo, talvez indo e voltando do hip hop e fazendo desses dois conceitos lados A e B. Contudo, o que veio a seguir, em vez de estabelecer sonoridades fortes e que imediatamente remetessem à marca, apenas os diluiu como act. Em suma, o repertório deles de 2016 em diante foi uma corrida atrás do rabo, tentando acertar nas respectivas modinhas vigentes em vez de estabelecer suas próprias. Aí o tempo passou, outros oppas mais novos tiveram mais sucesso nisso e, tanto em casa quanto internacionalmente, o GOT7 perdeu sua relevância (e qualidade musical, principalmente).

Lembram de “Not By The Moon”? Pois é, nem eu…

Não que nada que eles tenham lançado depois de “If You Do” seja aproveitável. Eu curto bastante o pbrnb de Fly (é uma imitação correta do BTS, pegando a parte boa do repertório deles em vez de Hard Carry, que pega ruim) e o garage house poliglota de Lullaby, mas são exceções num todo bem descartável e sequer arranham a maravilhosidade que o bop de 2015 foi. Pena pra eles.

Enfim, boa sorte aí pras catorze fãs que devem ter sobrado e vão passar vergonha pelos próximos dois, três anos, jurando em suas redes sociais que eles vão se reunir em outra empresa para dar continuidade ao grupo. Força aí.

Eu sei, sei, Yubin, Treasure, etc., uma hora os posts saem. Se acalmem.

7 comentários em “Time Machine: No fim, o GOT7 nunca conseguiu superar “If You Do” (2015)

  1. SIM!!! Essa é a melhor música deles, gostaria muito que eles tivessem reciclado ela na época, o que é uma pena porque é a única realmente boa do grupo. Eu gosto de Fly, de Look e daquela do ano passado que esqueci o nome (acho que é Call My Name), mas não são impactantes o suficiente para superarem If You Do. o GOT7 só foi bom até Fly, depois disso nunca mais acertaram um bop (comigo).

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  2. Nossa, concordo plenamente. If you do é minha música preferida deles, e embora eu não seja fã, acompanhava até com uma frequencia os comebacks deles, quase sempre eram dois por ano, e sempre tinha um que eu gostava e o outro não. Em 2018 teve Look e Lullaby, enquanto a primeira foi bem esquecível para mim, a segunda marca minhas playlists até hoje, e junto com as versões em ingles e espanhol também.
    Já em 2019, achei Eclipse chatissimo e entendiante, enquanto You calling my name foi o auge da gostossice deles, com os ternos de couro, JB de piercing, e a sonoridade me lembra If you do.
    E em 2020 tivemos dois comebacks bem esquecíveis também, mas eu ainda escuto Not by the moon, enquanto o ultimo comeback da vida deles de fato eu achei um porre, e em certas partes até brega.

    Enfim, uma pena. Era uma grupo que tinha potencial, e bons integrantes. Espero que lancem ótimas musicas quem foi seguir a carreira de cantor [Jackson estou olhando para você/Mais 100 ways, menos Papillon].

    No mais, cabe a vocês, meus faves, Stray Kids, carregarem o titulo de boygroup ativo da JYP, até serem esquecidos no churrasco.

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    1. “enquanto You calling my name foi o auge da gostossice deles, com os ternos de couro, JB de piercing, e a sonoridade me lembra If you do” DISSE TUDO QUE EU QUERIA DIZER

      (You Calling My Name tem o Selo Monster De Qualidade™: conceito sóbrio e homens de piercings)

      Pior que nunca entendi por que o JPY só dava faixa meia boca para eles, quer dizer… Os integrantes compõem músicas (e compõem bem, inclusive, porque YCMN tem participação em letra e música do JB, 5/6 das faixas do EP são de autoria própria dos integrantes), então não é como se a JYP tivesse que deixar por conta de produtores externos e sofrer as consequências da terceirização. E às vezes o próprio velho barrava B-sides boas de serem title track para colocar bombas, também. Era como se ele mesmo estivesse sabotando o grupo tentando correr atrás de modinhas.

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  3. If You Do é um verdadeiro diamante na discografia desses meninos. E olha, fizeram muito bem em disbandar, porque além do *JYP (dito em tom de suspiro)* ter dado um monte da músicas agradáveis, porém esquecíveis (olar, Asian Mixtape) p/ eles gravarem, ainda tinha o lance deles não emplacarem hits lá na Coreia a um certo tempo. Agora Jackson pode seguir livremente sendo um cantor rico lá em Hong Kong e um fidèle da Fendi e os outros, como vc disse, atores e cantores em outras agências. Agora vamos aguardar o próximo disband desse ano, que todo mundo já sabe que é o do Red Velvet

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