Em 2023, a HYBE se juntou com a gravadora Geffen Records, braço da Capitol debaixo do guarda-chuva da Universal, para o reality show Dream Academy. De acordo com o Bang Si-hyuk, fundador da BigHit e idealizador do projeto todo, esse seria um programa ao estilo dos survival shows que fazem sucesso na Coreia do Sul, cujo intuito seria formar um girlgroup “global” que seguiria os mesmos preceitos do K-Pop. O reality foi ao ar no YouTube, e ao longo de oito episódios que eu não assisti e jamais assistirei, resultou no Katseye, um dos piores troços do ecossistema do pop asiático atual.
Eu genuinamente detesto tudo o que o grupo soltou do ano passado para cá, mas é inegável que a ideia do Bang Si-hyuk vingou: elas já são o act com mais ouvintes da HYBE no Spotify, têm presença marcada em alguns festivais ao redor do mundo (inclusive no Lollapalooza aqui no Brasil), e inclusive ganharão um “grupo rival” com integrantes que participaram do Dream Academy, mas não chegaram a debutar (num estilo Winner/iKON, em comparação).
Paralelo a isso, eu vinha reparando que sempre que alguém fazia algum post sobre o Katseye, acabava surgindo alguém comentando sobre uma tal de Adéla, participante Miss Vanjie da Eslováquia que conseguiu a façanha de ficar em último lugar, mas ainda assim atrair a atenção do público, ser colocada como injustiçada e etc. Alguns desses comentários vinham acompanhados de um cunho racista implícito, dizendo que ela não foi longe por uma europeia branca, loira e padrão, e que as pessoas ficavam forçando representatividade, por isso participantes como a brasileira (negra) havia ido tão longe, e por isso o Katseye era composto por uma descendente de filipinos, uma negra, uma descendente de venezuelanos, uma descendente de indianos, uma havaiana de ascendência chinesa e uma coreana.
Eu não assisti (e nem vou assistir) ao reality, então não sei se a própria Adéla em algum momento falou algo problemático assim que desse munição aos fãs. Se alguém tiver assistido e souber de algo, deixe nos comentários. E confesso que fiquei um tempo ignorando as músicas dela, justamente por pegar ranço desses comentários. Mas recentemente ela soltou seu primeiro mini-álbum, distribuído pela própria Capitol (que indiretamente também cuida do Katseye), que eu ouvi, achei excelente, e acho que vale trazer de indicação aqui. I mean, se o Katseye se enquadra como “asian pop”, acho que a Adéla também.
Enfim, meus dois centavos sobre o The Provocateur, que já na primeira música DESTRÓI tudo o que o Katseye fez em quase dois anos de duração…
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