THROWBACK 2000s | O melhor do pop asiático no ano de 2001

O ano é 2001. As pessoas no Brasil mal se recuperavam de assistir Carolina Dieckmann raspando a cabeça em “Laços de Família” e já estavam em choque com Glória Perez misturando ficção científica, samba de gafieira, Murilo Benício sendo duplicado e todo um elenco praticando dança do ventre em “O Clone”. No cinema lá de fora, as técnicas de animação evoluíam através de “Monstros S.A”, “Shrek”, “A Viagem de Chihiro”, “Atlantis: O Reino Perdido” e “Barbie e o Quebra-Nozes”, com grandes clássicos da pipoca vendo a luz do dia, tipo “O Senhor dos Anéis”, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, “Lara Croft: Tomb Raider”, “Velozes e Furiosos”, “Onze Homens e Um Segredo” e “Legalmente Loira”.

No mundinho musical desse lado do globo, Shakira começava a expandir sua influência internacionalmente com a toscovilhosa “Whenever, Wherever”, Britney fazia sua transição de gatinha fofa do pop para a gostosa sexy dos videoclipes em “I’m a Slave 4 U”, Alicia Keys nascia ao grande público em “Fallin'”, Jennifer Lopez se tornava a estrela que Mariah tentaria destruir em “Love Don’t Cost a Thing” e Kylie Minogue reinventava o electropop com a apocalíptica “Can’t Get You Out Of My Head”. Obrigado, MTV. Ooh, e por aqui, Ana Carolina colocava a enorme contraditória frase “e cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais” na cabeça de todos em sua “Quem De Nós Dois”. Obrigado, Faustão.

Mas o que importa de verdade para essa série é relembrar os destaques musicais que fizeram a cabeça do público médio asiático. Infelizmente, não foram tantos dessa vez e quase nada de tais 12 meses toca com uma frequência mais alta em minhas playlists. Mas, os que estão lá, valem muito a pena. Começando pelas divas pop…

Em março de 2001, Utada Hikaru lançou “Distance”, seu segundo álbum de estúdio, sendo um dos maiores sucessos fonográficos de tal ano – e de sua carreira. Mais de 3 MILHÕES de cópias só na primeira semana, mesmo brigando nos charts com uma coletânea greatest hits hypadíssima da Ayu (numa daquelas táticas de gravadora onde a “rivalidade” é positiva para todos os envolvidos). Dele, veio “Can You Keep A Secret?”, mais um desses números R&B dançantes que eram it no início da década. A faixa foi lançada como single pouco antes do LP, sendo tema de um dorama qualquer e pegando #1 na Oricon, ficando 11 semanas nas paradas e vendendo mais de 1 milhão de cópias.

Nesse mesmo ano, Utadeus começou os trabalhos do que viria a ser seu próximo e antológico terceiro LP (aguardem várias faixas dele no próximo post). A primeira delas foi a lindíssima balada “Final Distance”, onde ela permite que seu vocal dê alguma “vaciladas” na afinação em prol de um maior empenho na emotividade. Sou apaixonado por essa música, com destaque especial para o refrão, capaz de causar arrepios mesmo em sujeitos com o coração de pedra. Foi uma das músicas mais ouvidas do Japão no ano, só não estreando em #1 na Oricon por culpa do Morning Musume…

HAHAHAHAHA

Enfim, voltando à Utada, falando assim de “Final Distance”, talvez vocês até se surpreendam com o fato de que, na real, essa nem foi a melhor música dela em 2001…

No final de novembro, a Utada soltou o que eu considero não só sua melhor música em tal ano, mas também a melhor de toda sua carreira (sendo uma candidata fortíssima ao #1 do top 100 dos anos 2000, mas ainda tem muita água pra rolar até lá). “Traveling” é um troço inacreditável. O instrumental é uma loucura que mistura pop, dance, bossa nova e sei lá mais quantos elementos alguém poderia enfiar numa produção. O videoclipe é tão absurdo quanto (todos os clipes dessa era são caríssimos e espetaculares, mas esse aqui tem algo ainda mais destrutivo). Saiu já com quase 900 mil cópias, pegando, aí sim, o #1 na Oricon, além de ter sido o segundo single mais vendido no Japão NO ANO SEGUINTE.

Sheena Ringo também adora “Traveling”

Em meu favoritismo, nenhuma outra solista conseguiu superar a Utada nessa. Mas algumas chegaram bem perto. Vamos a elas:

Ayu enganando os ouvintes fazendo todos imaginarem que “Evolution” será uma baladinha bonitinha, até que as coisas evoluem (duh) prum pancadão synthrock maravilhoso. Talvez a segunda melhor música de 2001? É, acho que sim. Os japoneses adoraram, pois também vendeu como água. 17 semanas na Oricon, peak de #1, quase 1 milhão de cópias vendidas, sendo o sétimo single mais comprado no ano.

E quando ela entregou uma baladinha propriamente dita, também fez a rapa. “Dearest”, uma das oitenta e nove OSTs bem sucedidas de “Inuyasha”, também ficou um tempão nos charts, com mais de 750 mil cópias vendidas em tal ano.

Também na seara de baladas, teve o debut da Mika Nakashima. Não chegou a ser o sucesso fonográfico que os lançamentos acima foram, mas as vendas competentes (mais de 100 mil cópias em 2001) foram o suficiente para fazer de “Stars” um tipo de norte sonoro do que ela seguiria dali em diante.

Quem também debutou em 2001, mas para o público japonês, foi a BoA. “Amazing Kiss” não é tão boa quanto outras pérolas que ela soltaria por lá nos anos seguintes, mas evidencia bem o quão distante a Coreia do Sul estava do Japão no quesito “qualidade de produção”. Enquanto estreia sul-coreana dela soa como uma demo mal gravada, “Amazing Kiss” ainda desce redondinha, como se tivesse sido gravada há bem menos tempo.

Aproveitando que citei a BoA, tiremos logo o K-Pop da frente. Em 2001, levando em conta toda a já citada dificuldade e amadorismo das gravadoras em tal cenário em produzir canções bem acabadas, a única faixa no ano que realmente soa gostosinha de ouvir é essa “Bird”, do Psy, uma bobagem ridícula sampleando BANANARAMA que, apesar dos pesares, rola gostosinha aos ouvidos e aos olhos no MV acima. Mas não se preocupem, capopeiros, as coisas mudariam com o passar dos anos.

Voltando ao jotapope, Kodão Kumi estava com bastante dificuldade de acontecer pro mainstream (ela ainda demoraria mais um pouco para explodir de verdade e se tornar o fenômeno cultural dos anos 2000), o que é uma pena, pois seus dois singles pós-debut valiam um pouco mais de consideração do japonês médio. “Color of Soul”, em especial, funciona tão bem até hoje. A masterização tá meio datada, mas isso até que combina com o instrumental que mescla house noventista com pop dançantes dos anos 80. Já “Trust Your Love” é como uma filha perdida de algum álbum da Janet Jackson entre as eras “Control” e “Rhythym Nation” (não sei como não caiu no colo da BoA). Ouçam e se divirtam.

Em 2001 também rolou o primeiro álbum de estúdio do Capsule. Meio difícil de despertar o interesse de vocês sem videoclipes para ilustrar, mas sugiro que vocês escutem “Konayuki” e “Hanabi”, as duas melhores nele. A primeira, mais melancólica (me lembra as introduções sonoras de filmes do Tarantino), a outra, mais fun e pra cima. Não chegam a ser as melhores do repertório do grupo, mas são bem melhores que muita coisa recente do Nakada.

Agora, vamos às animesongs

E é claro que o grande destaque seria para a trilha sonora de Digimon (aqui, na fase “Tamers”, que vários otacos bocós jogam confete alegando ser mais “sombria” que o resto do animezzzzz). 3 músicas nela ainda me fazem feliz até hoje: “The Biggest Dreamer”, do Koji Wada, icônico tema de abertura, “Evo”, do WILD CHILD BOUND, que entrava quando eles evoluíam, e “Slash!!!”, do Ohta Michihiko, que soa mais como OST de tokusatsu que de anime, o que é uma coisa ótima. Curtam a nostalgia, otacos!

Falei mais acima da faixa da Ayu para “Inuyasha”, que em 2001, teve também outro ponto alto sonoro com o Do As Infinity e seu baladão “Fukai Mori”. Ironicamente, não é a melhor música da banda para o anime, mas disso eu falo numa próxima oportunidade.

Encerrando por hoje, mais dois temas de animações, só que de séries que, sendo honesto, nem chegaram a estourar de verdade, ao menos não tanto quanto outros exemplares parecidos que viriam mais pra frente, “Shaman King” e “Rave Master”. Em questão de música, não há o que reclamar. “Over Soul”, da Megumi Hayashibara, é magnífica até hoje dentro das delimitações de um bop energético shounen, e “Butterfly Kiss”, da Chihiro Yonekura, ainda é uma graça em sua mistura de elementos ocidentais e orientais.


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Enfim, esses foram os destaques de 2001. Não é o melhor ano da década passada, mas seus pontos altos são fortes até hoje, não?

Daqui uns dias, viajaremos para 2002. Até lá. \o

9 comentários em “THROWBACK 2000s | O melhor do pop asiático no ano de 2001

  1. Utada MARAVILHOSA!!! Amo todas essas músicas da era Distance! O fascinante no caso de Final Distance é lembrar que originalmente era uma música DANÇANTE, que ela transformou em balada e, em vez de ficar chata, ficou ainda melhor que a versão original.

    Ayu também mandou bem nas músicas, apesar dos MVs breguíssimos (embora a cantora da versão brasileira da música do InuYasha humilhe os vocais da Ayu). E essa “rivalidade” dos álbuns das duas me lembra do saudoso mangá NANA (que infelizmente parou há anos e pelo jeito nunca vai ter um fim pra história), quando o público compra fervorosamente os singles de uma das duas bandas pra ela vencer a banda “rival”, e nos bastidores a vocalista de uma banda tá transando com o guitarrista da outra e a melhor amiga dela tá grávida do baixista da outra banda (ou do da banda dela mesma… Hachi, sua safadinha…).

    E Digimon Tamers, além de ser minha temporada favorita de Digimon (não por ser mais sombria – tanto que Frontier é toda feliz e colorida e é minha segunda favorita -, mas pela história ser melhor e os personagens mais interessantes, mesmo), tem músicas incríveis!

    É, 2001 foi um bom ano.

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  2. Saudades dos meus seis aninhos, grudados nos meus irmaos vendo animes e nao fazendo ideia de quem cantava, descobrindo a maioria pelos blogs de jpop depois de veia. nostalgia nostalgia.

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